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Advogado: é preciso olhar para o mercado internacional

Por Felipe Barreto Veiga
Atualização:
Felipe Barreto Veiga. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A esmagadora maioria do mercado de advogados e escritórios de advocacia brasileiros se dedica exclusivamente ao atendimento de clientes brasileiros, afinal eles estão aqui, agora e a um táxi, Uber ou (se longe) uma ponte aérea de distância, falando o mesmo idioma que o seu, talvez com um pouco de sotaque.

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Todavia, quando estamos tratando de clientes estrangeiros, a prospecção e, principalmente, a fluidez dos trabalhos é muito mais complexa. E isso se dá por uma série de fatores: distância, fuso-horário, custo de prospecção, impacto cambial, perfil de atendimento, questões regulatórias, problemas com idioma e/ou cultura do cliente, dentre vários outros. As barreiras são muitas e não por outro motivo são raros os advogados e escritórios dedicados à prática internacional.

Mas frente às inúmeras desvantagens, existem também os pontos favoráveis, quase todos evidentes: existe um volume enorme e constante de negócios e investimentos no Brasil por partes estrangeiras. Há também negócios, projetos e outros assuntos relacionados às atividades computadas na balança comercial brasileira, como operações aduaneiras ou investimentos no exterior por residentes no país.

Esclareça-se que não estamos falando apenas de projetos de grande porte, como a construção da Itaipu Binacional. Existem diversas questões de rotina que, diante do complexo arcabouço jurídico brasileiro (e, sobretudo, da extensa regulação às investidas de estrangeiros), também acabam demandando o acompanhamento por advogados dedicados à prática internacional.

Como exemplo, podemos ter desde uma startup brasileira recebendo investimentos de espanhóis, passando pela a abertura de uma filial na Colômbia por uma empresa brasileira e chegando a uma mudança de domicílio fiscal de executivo aposentado (para Miami, por que não?). São apenas exemplos de casos e questões legais que podem ter resultados melhores com auxílio de um advogado.

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Há, portanto, uma enorme demanda por serviços jurídicos de qualidade e, consequentemente, diversas oportunidades de negócio que podem justificar o desenvolvimento de uma prática internacional e uma oferta de serviços compatível para clientes nacionais e estrangeiros.

Ainda assim, captar os clientes não é fácil. É preciso construir uma agenda comercial de presença internacional, participando de câmaras de comércio, visitando potenciais clientes no exterior, comparecendo a congressos e feiras internacionais, criando redes de relacionamento com parceiros e advogados, além de várias outras tarefas nada fáceis e, em sua maioria, bastante custosas.

Nesta agenda comercial, o papel exercido pelo advogado não é somente para fins de prospecção própria, pois indiretamente contribui como agente de fomento e captação de investimentos no país, sobretudo em momentos críticos da economia e da política, com o intuito de demonstrar para o investidor ou empresário, através de fatos, informações e oportunidades, que vale a pena começar a investir ou continuar investindo e realizando negócios no Brasil, ainda que diante de um ambiente instável.

O êxito neste processo de convencimento requer a confiança dos clientes e potenciais clientes, afinal o produto principal de transações deste tipo é a confiança e, sem ela, não há negócio. E, para se ter confiança, é preciso ter primeiro reconhecimento ou referências. Considerando que ser reconhecido no Brasil já não é tarefa fácil, imagine no exterior.

Para alcançar este reconhecimento sendo advogado, além de uma ativa agenda comercial internacional, é fundamental demonstrar o domínio da técnica e a atuação especializada através da contribuição em publicações relevantes (como publicações de associações estrangeiras e guias de negócios do tipo Doing Business, Country Guides e Getting the Deal Through).

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Mas talvez ainda mais importante seja participar continuamente das seleções feitas pelos rankings e reconhecimentos de advogados com visibilidade internacional, que selecionam profissionais e bancas líderes em diversos critérios, como área de atuação, indústria, volume de negócios gerados, tamanho e faturamento, dando-lhes projeção pelos trabalhos realizados.

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São exemplos de rankings importantes: Chambers Latin America Awards, Leaders League Ranking of the Top Law Firms, Latin Lawyer 250, Who's Who Legal 100, Legal 500, Latin Finance Deal of the Year, bem como outros relativos a áreas de atuação específicas.

A exemplo do que ocorre no mercado financeiro, estes rankings e reconhecimentos servem para certificar a atuação e os serviços prestados em questões complexas ou inovadoras, servindo como ferramenta de divulgação institucional da prática, inclusive no exterior, onde estão boa parte de seus leitores.

Como boa parte desses rankings é preparada por editoras e publicações internacionais de renome, seu público é formado por executivos, diretores jurídicos e advogados. Portanto, contribui para a projeção e o reconhecimento internacional daqueles que conseguem se destacar em suas práticas e alcançar um lugar nos rankings, que são extremamente concorridos, inclusive por grandes escritórios de países de primeiro mundo.

O reconhecimento de profissionais e bancas brasileiras nestes rankings certamente colabora para um ambiente de negócios mais favorável, fomentando a imagem do Brasil no mundo e permitindo a geração de oportunidades reais para diversos setores de mercado, e não somente para os próprios advogados.

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É uma forma de demonstrar ao exterior que, em que pesem os conhecidos problemas de nosso país, ainda existem profissionais capazes de solucioná-los.

*Mestrando em Direito pela USP, advogado e sócio do BVA Advogados (www.bvalaw.com.br). O escritório acaba de receber reconhecimento da Leaders League e da Latin Lawyer

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