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Adega de vinhos foi usada para superfaturar compra de respiradores pelo governo do Amazonas, diz Procuradoria

Investigadores suspeitam de manobra conhecida como triangulação; equipamentos foram adquiridos através de fornecedora da área da Saúde e repassados ao Executivo do Estado com sobrepreço de R$496 mil

Foto do author Rayssa Motta
Foto do author Fausto Macedo
Por Rayssa Motta e Fausto Macedo
Atualização:

O governador do Amazonas, Wilson Lima. Foto: Divulgação/Governo do Estado do Amazonas

Um dos contratos suspeitos identificados na investigação sobre suposto esquema de desvio de recursos públicos destinados ao enfrentamento da pandemia de covid-19 no Amazonas envolveu uma importadora de vinhos. A empresa teria sido usada para revender respiradores superfaturados ao governo do Estado.

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De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), uma fornecedora de equipamentos de saúde, que já havia firmado contratos com o Executivo do Amazonas, vendeu os ventiladores à adega por R$ 2,480 milhões. No mesmo dia, a casa de vinhos revendeu os equipamentos ao Estado por R$ 2,976 milhões, ou seja, com sobrepreço de R$ 496 mil. Após receber valores milionários em sua conta, a adega repassou o montante integralmente à organização de saúde, segundo o MPF.

Além disso, respiradores teriam sido adquiridos por valor superior ao maior preço praticado no País durante a pandemia, com diferença de 133%.

Os detalhes da investigação foram tornados públicos nesta terça, 30, quando MPF e Polícia Federal deflagraram a Operação Sangria para cumprir 20 mandados de busca e apreensão e outros oito de prisão. Os agentes vasculham a casa do governador, Wilson Lima (PSC), apontado como 'comandante' do esquema, e a sede do governo. A Secretária de Saúde, Simone Papaiz, foi presa na ação.

As medidas cumpridas hoje foram determinadas pelo ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e incluem ainda o bloqueio de bens no valor R$ 2,976 milhões, de 13 pessoas físicas e jurídicas.

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A investigação do MPF e da PF, em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) e Receita Federal, apura a atuação de uma 'organização criminosa' que estaria desviando recursos públicos destinados ao combate do novo coronavírus. O Amazonas recebeu cerca de R$ 80 milhões repassados pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) para o enfrentamento da doença.

Segundo os investigadores, além de compras superfaturadas de respiradores, foram identificados direcionamento na contratação de empresa, lavagem de dinheiro e montagem de processos para encobrir os crimes praticados 'com a participação direta do governador', de outros agentes públicos e de empresários.

Há suspeita dos crimes de peculato, delitos da lei de licitações, organização criminosa, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro.

COM A PALAVRA, O GOVERNO DO AMAZONAS

"O Governo do Amazonas informa que aguarda o desenrolar e informações mais detalhadas da operação que a Polícia Federal realiza em Manaus para, posteriormente, se pronunciar sobre a ação. Informa, ainda, que o governador Wilson Lima, que estava em Brasília para cumprir agenda de trabalho, está retornando para Manaus."

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