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Ação controlada da PF flagrou assessor de Robinson pagando delatora

Funcionária da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte, Rita das Mercês disse às autoridades que o governador embolsava R$ 100 mil por dia oriundos dos salários dos funcionários fantasmas

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Foto do author Luiz Vassallo
Por Luiz Vassallo e Fabio Fabrini
Atualização:
 

A suposta compra do silêncio da procuradora da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte Rita das Mercês pelo assessor do governador Robinson Faria (PSD), Adelson Freitas dos Reis, foi flagrada em ação controlada da Polícia Federal. A servidora delatou ao Ministério Público Federal supostos esquemas de desvios envolvendo a indicação de funcionários fantasmas no Legislativo potiguar. Rita disse às autoridades que o governador embolsava R$ 100 mil por dia oriundos dos salários dos funcionários que não compareciam ao trabalho.

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A ação controlada é um método de investigação no qual a Polícia Federal acompanha a suposta prática de delitos por parte de investigados com o fim de obter provas contundentes contra os alvos dos inquéritos. O método foi utilizado, por exemplo, no âmbito da Operação Patmos, que flagrou a entrega da mala dos R$ 500 mil do delator Ricardo Saud ao homem de confiança do presidente Michel Temer (PMDB), Rocha Loures (PMDB). Na mesma ação da PF, o primo do senador Aécio Neves (PSDB), Frederico Pacheco, também foi flagrado pegando uma mala cheia de notas de R$ 100 do mesmo delator.

Rita foi presa na Operação Dama de Espadas, apontada como organizadora dos esquemas de desvios na Casa. Ela ficou presa por alguns dias e acabou solta por força de habeas corpus. Rita procurou o Ministério Público Federal para delatar os envolvidos.

A delação da servidora embasou a Operação Anteros, da Polícia Federal, deflagrada nesta terça-feira, 15, por decisão do ministro Raul Araujo, da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça.

O alvo principal da Anteros é o governador. A Polícia Federal fez buscas na residência e no gabinete de Robinson na sede do Executivo.

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Em ação controlada, a Polícia Federal flagrou tratativas e pagamentos feitos pelo assessor de Robinson Faria, Adelson Freitas dos Reis, à procuradora. O filho dela, Gustavo Villaroel também confessou ter recebido pagamentos.

 

"Conforme demonstram as interceptações telefônicas e ação controlada levada a efeito pela Autoridade Policial Federal o governador Robinson Mesquita de Faria associou-se a Magaly Cristina da Silva e Adelson Freitas dos Reis para o fim específico de praticar crimes de obstrução à investigação de organização criminosa", relatou o Ministério Público Federal.

Segundo as investigações, 'Adelson, como se viu na ação controlada, além de promover as entregas de dinheiro a Gustavo, servia como ponte entre Rita das Mercês e Robinson de Faria'.

 Foto: Estadão

"Era de responsabilidade de Adelson colher as necessidades de Rita e levá-las até Robinson, mantendo a fé desta de que o Governador promoveria as injunções políticas e financeiras necessárias para que a colaboradora permanecesse em silêncio", relata a Procuradoria da República.

Em imagens, a PF flagrou entrega de envelopes pardos com dinheiro pelo assessor à delatora.

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"Neste aspecto, as já deferidas e executadas medidas de interceptações telefônicas e ação controlada (com captação de áudio e vídeo ambiente) comprovaram tanto as tratativas a respeito da entrega havida nos primeiros dias de julho deste ano, como a entrega dita dos valores destinados a Gustavo Villaroel e a sua mãe, Rita das Mercês", afirmou o ministro Raul Araújo, do STJ.

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