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A vida não está nem aí para o teu planejamento

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Por Cassio Grinberg
Atualização:
Cassio Grinberg. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Uns meses atrás, ainda antes do coronavírus, minha esposa foi a um happy hour e jantou com amigas de sua Confraria das Mães de Gêmeos e, de onde estavam, me enviou por WhatsApp uma imagem que dizia algo que precisamos repetir: a vida não está nem aí para o teu planejamento.

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Lembro que naquela noite coube a mim dar não apenas o banho (que inclusive é meu desde que eles nasceram) mas também a janta de nosso casal de gêmeos, e que, quando recebi a mensagem, eu já estava justamente mergulhado em uma análise para um planejamento estratégico de um cliente.

Tem um sabor especial para nossa família a minha esposa poder me instigar com uma imagem dessas. Eu contei com algum detalhe em meu livro Desaprenda uma situação em que a vida não esteve nem aí para nosso planejamento: a ocasião em que nossos filhos nasceram e, no hospital, minha esposa contraiu uma grave infecção, que resultou em uma internação de quase 40 dias, 10 dos quais em estado muito grave em CTI. Ou seja, um tempo que separou nossa família recém formada, e nos mostrou como era ter que reescrever os planos para receber dois filhos.

Por que esta reflexão, bem neste momento de incerteza? Porque sei que, dentro de cada um de nós, e de nossas empresas, existe um histórico de algum tipo de situação que já superamos, bem mais séria do que a que estamos vivendo agora. Pense bem: uma mudança profunda de tecnologia, a entrada de um concorrente dinamite, uma alteração brusca na legislação, um roubo, uma traição, um incêndio -- a diferença é que, agora, é tudo acontecendo ao mesmo tempo, para quase todo mundo.

Isso significa que as empresas não deveriam planejar? Claro que não. Significa bem o contrário: que elas devem planejar cada vez mais, especialmente agora (tenho ajudado cada vez mais empresas nisso), planejar cada vez mais a lápis, fazer cada vez mais perguntas, revisar cada vez mais as decisões e sintonizar o foco como se a incerteza não fosse um defeito, e sim um tempero.

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Acredito que, se a vida escolhe por nós que participaremos de algo, podemos escolher de que forma participaremos daquilo que a vida escolheu -- e seguirá escolhendo -- por nós.

*Cassio Grinberg, sócio da Grinberg Consulting e autor do livro Desaprenda - como se abrir para o novo pode nos levar mais longe

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