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A quem interessa desorganizar a iniciativa educacional privada?

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Por Antônio Eugênio Cunha
Atualização:
Antônio Eugênio Cunha. Foto: Divulgação

A Constituição Federal de 1988 é muito enfática nos artigos 205, 206 e 209 ao tratar a educação como um direito e dever do Estado e da família, com igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, liberdade de aprender, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber. A Carta Magna também traz contribuições fundamentais no artigo 170, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, com a finalidade de assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social.

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Portanto, as Instituições de ensino particular não são uma concessão do estado e, ainda, obedecem às obrigações previstas em nossa Constituição, trabalhando para atender as normas legais e garantir a qualidade exigida no art. 209 da CF.

Podemos demonstrar, a partir das avaliações externas organizadas e aplicadas pelos poderes públicos, o desempenho das escolas em todas etapas educacionais. Podemos iniciar, com a divulgação dos resultados do PISA, do IDEB e do ENADE nas suas últimas edições.

O PISA, é uma avaliação que desenvolve um estudo comparativo internacional realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a partir de uma coletânea de informações sobre o desempenho de alunos de 15 anos e 3 meses a 16 anos e 2 meses de idade. Esta avaliação é importante para que os cidadãos saibam como os nossos jovens de 15 anos, comparados com jovens da mesma idade de outros países, adquiriram conhecimentos e habilidades essenciais para a plena participação na vida social e econômica do país em um mundo cada vez mais globalizado. 

No PISA 2018, participaram escolas de todos os estados da Federação e o DF, onde 15,6% dos alunos participantes da avaliação são da rede particular. A instituição de ensino particular brasileira, com 510 pontos, encontra-se na décima primeira posição em Leitura; em Matemática com 473 pontos ocupamos a trigésima nona posição; e em Ciências ficamos na vigésima quarta posição, com 495 pontos em uma avaliação com 79 países. A escola particular brasileira está com desempenho semelhante ao dos países considerados de melhor educação no mundo.

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O IDEB e o SAEB são indicadores da avaliação da educação básica brasileira e sua séria histórica é de grande importância para o estabelecimento de políticas públicas para a educação e serve para informar a sociedade de como a educação nacional caminha. O SAEB é a avaliação em Matemática e Língua Portuguesa e o IDEB obtido pelo produto da Média Padronizada (N) e a Taxa de Aprovação (P). IDEB = N x P. 

A escola particular nacional continua evoluindo e demonstra que seus resultados estão melhores que a média nacional onde está incluída todas as escolas brasileiras que participam da avaliação.

O Conceito Enade é um indicador de qualidade que avalia os cursos superiores e as instituições de ensino por intermédio dos desempenhos dos estudantes no Enade. Seu cálculo e divulgação ocorrem anualmente para os cursos com pelo menos dois estudantes concluintes participantes do Exame e é o instrumento legal de avaliação da Educação Superior. Um dos indicadores é o IGC - Índice Geral de Cursos que avalia a qualidade das Instituições de Educação Superior. No Brasil 86,9% das IES possuem conceito igual ou superior a 3, indicador que garante qualidade das IES.

Todos os indicadores apresentados asseguram a qualidade do ensino particular e não deixam dúvidas que a escola da livre iniciativa dá sustentabilidade ao desenvolvimento do país e garante a formação de nossos jovens.

A escola vem sendo colocada à prova de qual é o seu papel na sociedade contemporânea. Diante de tantas transformações de ordem política, econômica, cultural, saúde e social, o que é preciso fazer para ajudar a construir este novo cidadão que o mundo deseja?

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A resposta inicialmente parece estar definida. Precisamos de um cidadão trabalhador polivalente e flexível, capaz de resolver as suas dificuldades emocionais e trabalhar em grupo, ter a capacidade de pensar e aprender constantemente e que consiga atender a demandas que se diversificam constantemente. A escola privada já está se preparando para essa tarefa, a pandemia ajudou acelerar esse processo. A escola particular está pronta para retornar e com soluções inovadoras.

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O segmento educacional privado possui números que não podem ser desconsiderados pelas autoridades dos poderes constituídos e de seus órgãos de controle e fiscalização, pois sem a instituição de ensino particular, o estado entra em dificuldades acentuadas. Segundo dados apurados pela Fundação Getúlio Vargas - FGV, o segmento educacional privado, em 2015, representava 18,56% do número total das matrículas existentes na educação básica brasileira e, em 2019, passou para 23,58% de acordo com o anuário brasileiro da educação básica. Ainda segundo a FGV, as instituições de educação superior (IES), alcançavam, em 2015, 75,68% do total de matrículas e, em 2019, 75,42%.

Perceba que, o número de alunos que estudam nas escolas e faculdades da rede privada de ensino, supera os 15 milhões, dos quais mais de 9 milhões se referem a matrículas da educação básica, sendo que, destas, 2,5 milhões se referem a matrículas na educação infantil. A rede privada de ensino proporciona em termos atuais, a geração de 1,7 milhões de empregos, sendo 800 mil na função de professores/as. 

A rede privada de ensino brasileira é hoje composta por mais de 40 mil instituições de ensino, as quais, em seu conjunto, proporcionam às 3 esferas de poder (União, Estados e Municípios) uma desoneração na ordem de 223 bilhões de reais, em obrigações constitucionalmente albergadas pelo dever de prover educação à nação brasileira.

Diante da responsabilidade social que a educação particular detém frente a toda sociedade brasileira e aos gigantescos números que o setor apresenta, não é possível entender a postura com a qual o setor vem sendo tratado pelas autoridades políticas responsáveis pela suspensão das aulas presenciais em todo o País, as quais não dialogam com os representantes do setor privado para a construção do retorno desse segmento, atrelando-o às condições de possibilidade do retorno do setor público. Não é possível entender a edição de leis estaduais que interferem, de forma Inconstitucional, na funcionalidade das instituições educacionais e na relação entre escola e família, além de outras interferências de órgãos de controle de forma impositiva.

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Todas essas ações promovem a desorganização de um setor de grande importância para o país, gerando conflitos e promovendo dificuldades futuras que irão impactar a vida das pessoas e dos governos. 

A quem interessa essa desorganização do setor educacional e a perda da qualidade educacional das escolas a que elas estão sendo submetidas?

* Antônio Eugênio Cunha é gestor educacional, ex-presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP) e do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (SINEPE-ES), além de membro do Conselho de Representantes da FENEP.

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