A sigla ESG, composta pelas iniciais em inglês de Ambiental, Social e Governança, vem tomando cada vez mais espaço nas agendas das empresas do Brasil e do mundo. E é fácil entender o porquê, afinal, cada vez mais a sociedade como um todo aposta em produtos e serviços com impacto positivo no meio ambiente e nas pessoas. Além disso, também existe uma pressão financeira, já que investidores têm optado por investir os seus recursos financeiros em empresas socialmente responsáveis, sustentáveis e, é claro, rentáveis.
Eu considero o ESG hoje o que chamávamos de sustentabilidade um tempo atrás. Nós vivemos algumas fases do desenvolvimento do mundo em que focamos demais nas dimensões de lucro e vimos que os efeitos de longo prazo não são positivos. Felizmente, vivemos hoje um momento em que as empresas e a população começam a entender que se buscarmos só um resultado de curto prazo, será muito difícil, tanto para as empresas, quanto para as sociedades, quanto para os governos, manterem-se em pé.
No dia a dia vemos as agendas ambiental e social caminhando bem em muitas empresas. Porém, é no quesito Governança que ainda vejo um terreno pouco explorado por muitas corporações país afora. Ou, melhor dizendo, a gente costuma olhar governança apenas do ponto de vista da proteção da própria empresa, conceito que deixa a desejar quando pensamos no benefício necessário a toda sociedade.
Pensar em governança corporativa, significa buscar fazer o certo hoje, amanhã e sempre. Significa trabalhar para ter resultados positivos de negócio, porque é a obrigação número 1 das empresas, mas isso tem que acontecer de uma forma que proteja os interesses de todos. Então, é cuidarmos de nós e de todos ao mesmo tempo.
Isso é particularmente desafiador em ambientes democráticos com meandros pouco claros, onde algumas poucas empresas trabalham na defesa de vantagens exclusivas, criando um ambiente de imprevisibilidade e de grandes assimetrias de competitividade.
Ou seja, será que essas empresas pensam na sociedade como um todo? A que servem as suas decisões corporativas? A si mesmas ou ao Brasil?
O Brasil precisa de reformas, isonomia, previsibilidade e segurança jurídica para melhorar a sua competitividade e assim atrair novos investimentos, gerar mais empregos e renda para os brasileiros, um ciclo virtuoso onde todos se beneficiam.
Mas para tanto é fundamental deixar de lado as agendas particulares e permitir a construção de uma agenda comum de ampla adesão, um projeto de país.
As empresas têm um papel fundamental nesse processo. Vale a reflexão.
*Roberto Braun, diretor de Assuntos Governamentais da Toyota do Brasil