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A presença das mulheres na construção civil

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Por Simone Las Casas
Atualização:
Simone Las Casas. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Foi-se o tempo em que localizar uma mulher atuando na construção civil era uma loteria, uma possibilidade tão remota quanto encontrar uma agulha no palheiro. É verdade que hoje ainda somos uma minoria esmagadora frente aos homens, mas estamos diante de outra realidade: um mercado antes tão hostil se converteu em um cenário promissor, com grandes perspectivas e possibilidades de exploração.

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Em ritmo ainda lento, a mulher vai se tornando um ativo valioso e vital para as grandes corporações. As maiores construtoras do país estão se rendendo ao perfil dinâmico que a força de trabalho feminina é capaz de proporcionar ao setor. A prova disso está em alguns números.

Entre 2002 e 2012, houve um crescimento de 65% no número de mulheres trabalhando na construção civil. O número é do Ministério do Trabalho e da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Entre 2006 e 2016, outro relatório, do mesmo órgão, apontou uma alta de 10% nessa ocupação.

Esses aumentos também estimularam as mulheres a ocuparem mais cadeiras nas faculdades de engenharia país afora: a participação feminina se resumia a 24.554 heroínas que estudavam em 2003; e passou a ser 57.022 em 2013 - números divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O Censo da Educação Superior aponta que em 2015 nós já dominávamos 30,3% das vagas nos cursos de Engenharia Civil. Esse percentual ainda está aumentando.

O que ainda precisamos combater com veemência é o preconceito enraizado e velado, que existe em um mercado que por séculos foi totalmente dominado pelo sexo masculino. Infelizmente, também há números significativos para isso. Em 2017, ocupávamos apenas 13,6% dos postos de trabalho em todos os setores da construção civil. É o que mostra o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). Dos profissionais de Engenharia Civil ativos no Confea, somente 19,7% são mulheres. Sinal de que ainda há muito a ser feito.

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O que pouca gente sabe é que a luta pela entrada da mulher na construção civil é secular. Essa batalha precede, inclusive, à própria instituição do Dia Internacional da Mulher, em 1910.

Mas sempre mantivemos com classe a nossa vocação de deixar grandes legados. Ajudamos a construir a história, mesmo sob o fardo da misoginia. Aliás, construímos história... e pontes. Podemos citar Emily Warren Roebling, engenheira-chefe do projeto da Ponte do Brooklyn, inaugurada em Nova York em 1883, como grande referência feminina na construção civil. Até hoje a ponte é considerada um dos projetos mais ousados da humanidade, considerando as limitações da época.

Também vale citar a britânica Nora Stanton Barney, que fez história nos Estados Unidos ao se tornar a primeira mulher a ingressar na Sociedade Americana de Engenheiros Civis (Asce, na sigla em inglês), e que atuou com destaque na Companhia Americana de Pontes e no Conselho de Abastecimento de Água de Nova York. Para arrancar da sociedade norte-americana o respeito digno de sua grandeza, Nora foi obrigada a lutar na Justiça contra a Asce e até a abrir mão do seu casamento, diante das exigências do marido para que ela abandonasse a engenharia civil e assumisse o papel de dona de casa.

Como se pode ver, nossa luta por igualdade de condições ainda não terminou. Mas, força nunca faltou nem faltará para que o reconhecimento às mulheres ecoe devidamente por todo o mundo.

*Simone Las Casas, diretora de marketing da Ecogranito

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