José Luiz Alquéres*
31 de outubro de 2020 | 07h30
José Luiz Alquéres. FOTO: DIVULGAÇÃO
Nas próximas semanas chega às livrarias o livro que escrevi sobre a evolução do pensamento político ao longo da história da humanidade e seus desafios futuros. Raro pelo tema e pela pretensão de condensar em cerca de 250 páginas um assunto tão complexo, tão importante e tão cheio de nuances.
“Três mil anos de política” foi escrito para quem tem uma barreira em ler sobre o tema, mas é útil para todos que por ele se interessam. Ele é uma gostosa conversa sobre a essência do pensamento de personagens ou sobre acontecimentos que marcaram a evolução da humanidade. Políticos e intelectuais que o leram ressaltam a coerência e o equilíbrio da narração.
E a história traz alguma lição? Sim. O declínio do interesse na política pelos cidadãos leva à intolerância crescente, a abusos de poder e ao que poderíamos classificar como a “alienação suprema”: a terceirização do poder político em benefício de tipos corruptos, incultos e truculentos.
De tudo que é trazido ao leitor, vale destacar duas coisas. A primeira é a beleza da evolução do pensamento político ao longo da história, processo doloroso e traumático, mas edificante, que resultou na democracia.
A segunda é a constatação que sem a participação intensa do cidadão comum na vida política não haverá mudanças no quadro atual, sendo mesmo de se esperar uma maior fragilização das democracias.
Não é um livro denúncia. É um livro analítico, permeado de dezenas de exemplos do que funcionou e do que não funcionou. Assim, aborda o mau uso da religião na política, a obsessão pela racionalidade, a contraintuitiva psicologia das massas e o dilema entre liberdade e autoridade regido pelo “Desejo de Ordem”, que cresce de forma preocupante nos momentos de agitação pública.
No livro também aponto as razões para ter esperança no futuro. A primeira é a emergência da nova economia da sustentabilidade provocar uma consciência supranacional das políticas públicas a serem adotadas, como se vê na Europa. Sustentabilidade que traz o respeito à diversidade e a importância da equiparação real dos direitos da mulher, o grupo humano ao longo da história mais penalizado por preconceito sistêmico.
A emergência de melhores práticas e melhores políticos é vista como possível e eu espero que o livro possa trazer alguma contribuição em tal sentido levando a beleza da política a grupos de pessoas mais jovens ou dela mais alienadas.
A tolerância e a moderação são, por fim, apontadas como virtudes a serem redescobertas em nosso processo político. A tolerância tem o sentido da aceitação da existência de pensamentos radicalmente diferentes dos próprios. A moderação, mais do que um princípio filosófico, é uma prática essencial.
O futuro virtuoso da humanidade repousa na implantação de novos modelos de governança. O conhecimento de “Três mil anos de política” pode facilitar o trabalho. O livro visa ajudar os leitores a entender e tomar partido nesta que é a grande questão do século XXI: como a política pode construir um mundo melhor e mais justo para todos.
*José Luiz Alquéres é empresário, filantropo e editor da Edições de Janeiro
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