*Frase de Michael Corleone (personagem fictício do romance The Godfather)
Uma das mais populares peças de ficção do século passado, o romance The Godfather, obra-prima do escritor ítalo-americano Mario Puzzo, traz uma passagem interessante, cuja percepção do autor, traduzida numa das falas de um chefe mafioso, coincidem, ainda que ficcionalmente, com a tese que estamos defendendo acerca do flagelo do CRIME.GOV.
As palavras são do personagem Michael Corleone, filho mais novo e herdeiro do poder de Don Vito Corleone, o capo di tutti capi da famiglia da cosa nostra siciliana estabelecida em Nova York, núcleo protagonista da trama. Na versão para o cinema essa fala aparece no terceiro filme da trilogia, na voz de Al Pacino, que personifica nas telas o caçula de Don Vito.
Michael, já na condição de godfather, lamenta-se que terá de passar vida fazendo de tudo para abandonar as atividades mafiosas, que naquele ponto do livro já envolviam, jogo, prostituição, distribuição de narcóticos e lavagem de dinheiro.
Seu intento era vender e transferir seus negócios criminosos e dar início a empreendimentos legítimos, que no caso passariam necessariamente pela associação às atividades políticas, com a negociação e aquiescência de seus líderes e representantes.
Ele conclui, frustrado, que toda sua experiência de trinta anos de máfia, enfrentando violência, traições, vinganças e ilegalidades, não foram suficientes para que ele conseguisse tratar com a classe política em pé de igualdade.
Michael Corleone, enfim, se considera derrotado por uma virulência e falsidade muito acima daquela que ele estava acostumado a vivenciar na cosa nostra.
Mais uma vez a vida imitou a arte.
*Jorge Pontes é delegado de Polícia Federal e foi diretor da Interpol