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A pandemia, o envelhecimento e os desafios do câncer

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Por Erik Lima e Adriana da Silva Santos
Atualização:
Erik Lima e Adriana da Silva Santos. FOTOS: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Passados quase 12 meses do primeiro diagnóstico de coronavírus, detectado na China, em dezembro passado, o mundo assistiu estupefato a primeira onda se alastrar pelos cinco continentes de forma surpreendente e avassaladora. Ao longo dos meses, observamos recuos em diversos países, que trouxeram algum alívio, mas a preocupação permaneceu latente enquanto os estudos de uma vacina eficaz continuam avançando, embora ainda sem perspectiva de imunização total da população mundial.

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Por causa da pandemia da Covid-19, a comunidade médica redobrou sua atenção nos grupos de risco como pessoas maiores de 60 anos e portadores de doenças crônicas. Entre essas enfermidades destaca-se o câncer, que hoje está em franco crescimento no País. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que este ano sejam diagnosticados 635 mil casos, 28% a mais do que em 2010, quando houve 489.270 registros. Nos próximos dez anos, a expectativa é que haja um aumento Brasil de 42% dos casos da enfermidade.

Esse crescimento resulta do envelhecimento da população, uma vez que 70% dos casos de câncer acometem os idosos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Hoje mais de 28 milhões de brasileiros tem 60 anos ou mais, o que representa 13% da população. Projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sinalizam que esse percentual deve dobrar nas próximas décadas.

Embora os casos de câncer não possam esperar por tratamento, muito pacientes com esta enfermidade deixaram de buscar ajuda médica com medo da contaminação pelo coronavírus. Esse temor ampliou ainda mais a vulnerabilidade dessas pessoas, que ficaram sem tratamento adequado. Toda essa situação ocorre num momento muito especial, quando o avanço da tecnologia vem melhorando o tratamento do câncer, graças à radioterapia de precisão, uma das principais conquistas no combate à doença. Com equipamentos modernos, já é possível usar a irradiação para atingir com precisão os tumores e eliminar as células cancerígenas, preservando as células saudáveis. A ampliação do uso desta tecnologia de ponta no Brasil, contudo, esbarra na falta de profissionais capacitados para operar esses aparelhos.

Neste contexto, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) em conjunto com a Escola de Educação Permanente (EEP) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) programou um curso acadêmico para Dosimetristas em Radioterapia, que visa suprir a demanda crescente de tais profissionais.

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A formação destes profissionais em nível de pós-graduação em Dosimetria, os capacitará a atuar com novas tecnologias para o tratamento radioterápico do câncer. O dosimetrista trabalha em estreita colaboração com o radioncologista e com o físico médico no planejamento do tratamento do paciente, com o apoio de equipamentos modernos e alta precisão.

Há 20 anos, o Brasil não contava com tecnologia de ponta para o tratamento do câncer e os profissionais que atuavam como Dosimetristas na Radioterapia eram físicos ou médicos. Nos últimos dois anos, entretanto, a evolução de equipamentos e avanços tecnológicos, geraram uma maior procura por médicos especializados, que têm sido cada vez mais disputados no mercado.

A carência de educação continuada nessa área levou os próprios profissionais de saúde, a criar a Associação Brasileira de Dosimetristas, há dois anos. Antes, os profissionais brasileiros atuavam com base em protocolos da Associação de Dosimetristas dos EUA. Por isso, a entidade nacional incentiva a criação de cursos visando a melhoria da qualidade deste profissional.

A partir de 2021, a EEP em conjunto com o ICESP, oferecerá o curso de Dosimetria para Radioterapia, a única especialização dedicada à formação específica desses profissionais. Há poucas instituições que oferecem cursos voltados apenas à operação dos aceleradores e programa de residência, com número ainda considerado muito baixo comparado aos Estados Unidos, segundo a Associação Brasileira de Dosimetristas.

O curso de Dosimetria programado pela EEP do HCFMUSP conta com um corpo docente qualificado e atuante nos maiores centros de radioterapia do Brasil e uma estrutura para estágio prático com 400 horas. Além desse curso, a EEP abriu inscrições para mais 51 cursos da área médica e multiprofissional, neste mês de novembro, para especializações Lato Sensu do HCFMUSP, com início em 2021 e duração de 1 a 2 anos.

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Criada há dez anos, a EEP do HCFMUSP tem como objetivo centralizar e organizar a transmissão do conhecimento para profissionais de saúde acompanhando as inovações tecnológicas da medicina. A programação da EEP engloba as práticas de 8 Institutos do HCFMUSP, o maior complexo hospitalar da América Latina, do Hospital Auxiliar de Suzano e dos 66 Laboratórios de Investigação Médica.

As inscrições para a especialização em dosimetria do HC devem ser feitas pelo site: https://eephcfmusp.org.br/portal/online/modalidade/especializacao/

*Erik Lima, coordenador do curso de pós-graduação de Dosimetria para Radioterapia e gerente operacional de radiologia do ICESP - Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade da São Paulo

*Adriana da Silva Santos, diretora executiva da Associação Brasileira de Dosimetristas

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