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A pandemia e a retomada econômica 

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Por Caiubi Kuhn
Atualização:
Caiubi Emanuel Souza Kuhn. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Um dos temas mais debatidos na sociedade são os efeitos da pandemia e a retomada das atividades econômicas. O mês de março foi, de longe, o pior mês em relação ao número de mortos no Brasil. Com o sistema de saúde em colapso, muitas pessoas morreram nas filas à espera de atendimento ou nos hospitais. Na Alemanha, embora os números da pandemia não sejam os melhores possíveis, algumas atividades estão sendo retomadas. Neste texto vou falar um pouco sobre as medidas que estão sendo realizadas, e que talvez possam ser copiadas no Brasil.

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No mês de dezembro, com o crescimento do número de casos, iniciou um lockdown rígido na Alemanha, que durou cerca de três meses. As medidas foram estabelecidas de acordo com o número de casos por 100 mil habitantes de cada microrregião. O Governo assim como em outros países, têm dado suporte a população e empresários por meio de medidas econômicas para enfrentar a crise. Claro que também existem insatisfações em parte da população em relação às medidas restritivas, porém elas são seguidas pelas pessoas.

A retomada das atividades econômicas na cidade de Tubinga, no sul do país, onde estou morando, ocorreu no mês de março, devido ao número de casos na região ser baixo e pela estratégia de testagem em massa adotada. Para você poder frequentar um bar ou restaurante, por exemplo, a pessoa precisa realizar um teste para verificar se está contaminado com o Coronavírus.

Quando a pessoa realiza o teste, em um dos muitos pontos de testagem em massa gratuitos, recebe uma pulseira com um QR code. O resultado sai em 20 minutos e a pessoa pode verificar com seu próprio celular a partir do código recebido. Ao chegar em um estabelecimento, a pulseira também é verificada no início do atendimento. Os testes são válidos por um único dia, ou seja, se no dia seguinte você quiser sair pela cidade novamente, deverá realizar um novo teste e receberá uma nova pulseira.

A estratégia adotada ajuda a reduzir a subnotificação, a identificar casos leves ou em estágio inicial de desenvolvimento. Além disso, dá segurança a quem está nos estabelecimentos, pois a pessoa sabe que todos que estão nas mesas ao lado, foram testados e não estão contaminados com o vírus.

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No Brasil a testagem em massa não foi uma prioridade em boa parte do país, talvez esse tenha sido um dos motivos pelo qual a pandemia tenha se alastrado de forma tão forte. Com os números atuais de mortes e com o sistema de saúde ainda em colapso em muitos locais, é complicado pensar em copiar agora o modelo citado. Porém, após a redução do número de casos, criar uma estratégia de testagem em massa no país, associada à retomada da atividade econômica, pode ser uma ótima medida.

Uma das melhores estratégias para enfrentar a pandemia é não deixar o vírus circular, como foi feito na Austrália, Nova Zelândia e na China, onde lockdowns rígidos no início da pandemia evitaram a contaminação coletiva e milhares de mortes, assim como possibilitaram a rápida retomada das atividades econômicas. Outra saída é acelerar o processo de vacinação para alcançar a imunização coletiva como está sendo feito em países como Israel. Porém, ainda serão necessários muitos meses até que se consiga vacinar toda a população no Brasil.

É preciso pensar nas melhores alternativas para preservar a vida das pessoas e enfrentar essa crise. Entre as medidas possíveis está a restrição de circulação, o apoio financeiro para empresas e para as pessoas, além de acelerar o processo de vacinação e estabelecer medidas seguras de retomada econômica, como por exemplo, testagem em massa como feito na Cidade de Tubinga. Enfrentar essa crise não é fácil, mas com vontade política e esforços técnicos é possível criar estratégias adequadas ao cenário existente no Brasil, para que as vidas das pessoas sejam preservadas e que os impactos econômicos da crise sejam os menores possíveis.

*Caiubi Kuhn, professor na Faculdade de Engenharia (UFMT), geólogo, especialista em Gestão Pública (UFMT), mestre em Geociências (UFMT), doutorando em Geociências (UNESP) e doutorando em Environmental Sciences (Tubingen University)

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