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A oposição entre o mercado de trabalho de engenharia e o alto nível de desemprego no País

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Por Luciano Machado
Atualização:
Luciano Machado. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Em 2021, o Brasil deve alcançar a 14ª posição entre os países com as maiores taxas de desemprego mundial, segundo as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI). A crise causada pela pandemia do novo coronavírus elevou o número de empresas que precisaram demitir funcionários ou até fechar as portas.

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Entretanto, curiosamente, o setor de engenharia civil encontra-se em uma tendência oposta. O Guia Salarial de 2021 da consultoria Robert Half mostrou uma crescente positiva do mercado, pois há demandas nas áreas de infraestrutura, sustentabilidade, mineração e logística. O aumento no número de concessões para realizações de obras tem gerado um movimento interessante, proporcionando mais oportunidades.

Um levantamento do PageGroup mostrou que o setor de engenharia foi um dos únicos que apresentaram crescimento nos salários durante o ano de 2020. A pesquisa registrou que 99,8% dos entrevistados que trabalham na área afirmaram ter testemunhado reajustes.

Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relatou alta no desenvolvimento industrial por oito meses consecutivos, além do fato de a construção civil ter oferecido o maior número de novas oportunidades em 2020.

Os dados chamam a atenção pelo período que vivemos, porém o Brasil é um país de dimensões continentais e com infraestrutura muito aquém do necessário para fornecer qualidade de vida aos cidadãos.

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Com a série de investimentos recém-anunciada pelo atual governo, ainda há muito para se desenvolver na área de engenharia. Em evento no mês de maio, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou que o total de investimentos privados contratados em infraestrutura até o ano que vem deve alcançar a marca de 260 bilhões de reais.

A atenção ao setor impacta rapidamente o mercado, que ao enxergar as perspectivas de novos negócios, começa a movimentar outros setores para estudar as viabilidades técnicas para cada uma dessas concessões. Com isso, fomenta a geração de empregos para os profissionais especializados no ramo, que podem analisar as nuances positivas e negativas dos projetos.

Entretanto, se por um lado a pandemia do Sars-CoV-2 alavancou nosso setor, por outro trouxe problemas como a redução da atividade presencial, o que dificultou as análises locais para a realização dos projetos. Além disso, encontramos resistência quanto a avançar nos trabalhos que necessitam dos serviços de campo, pelas restrições de locomoção impostas pela pandemia e pela preocupação em não expor os funcionários.

O país ainda busca maneiras de ultrapassar os percalços que a crise econômica deixou para os empresários. Contudo, para o setor da engenharia, o momento pode representar a manutenção da tendência de grande crescimento, pois ainda há muito a ser feito para a infraestrutura do país. Para transpassar a oposição de cenário vividos pelos demais segmentos econômicos são necessárias ações contundentes que possibilitem a retomada do ritmo e o crescimento harmônico do país como um todo.

*Luciano Machado é engenheiro civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, especialista em administração com MBA pela FGV e sócio da MMF Projetos. Hoje é um dos únicos líderes negros a frente de uma empresa de engenharia de infraestrutura

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