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A necessária adequação dos planos de benefícios às novas gerações

Por Sara Marques
Atualização:
Sara Marques. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Sim, o mundo mudou. E muda a cada minuto. O cenário que vivenciamos hoje é bem diferente daquele que presenciávamos há cinco, dez, 15 ou 30 anos. O comportamento, as prioridades e os objetivos são outros. Se antes os profissionais começavam a trabalhar em uma empresa bem novos e permaneciam nela até se aposentarem, hoje, trata-se de um fato raro. Se antes a meta era conseguir comprar uma casa própria, hoje, muitos se debruçam em cálculos para saber se, de fato, vale a pena imobilizar tanto capital. Se antes os benefícios financeiros oferecidos pelas empresas eram os grandes motivadores para o engajamento de um time, hoje, a preocupação é encontrar uma companhia com um propósito que esteja alinhado com os seus valores. Se antes as pessoas se orgulhavam de trabalhar em uma empresa sólida e tradicional, hoje, um dos grandes sonhos de consumo é ingressar em uma startup que proponha algo realmente disruptivo.

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Tamanha mudança comportamental afeta todos os negócios, de diferentes formas. Para alguns segmentos, as adaptações são mais simples e rápidas. Para outros, mais difíceis e lentas. No entanto, é preciso começar a pensar nestas novas gerações. A grande pergunta no mundo corporativo é: como engajar ou oferecer algo que realmente seja um diferencial e ajude a envolver cada vez mais os colaboradores?

Os fundos de pensão, há muitos anos, tinham papel de destaque nesta resposta. Era realmente um grande diferencial começar a trabalhar em uma empresa que oferecesse um fundo de previdência complementar aos trabalhadores. As políticas de investimento e resgate sempre tiveram como foco principal ajudar a reter os talentos e incentivar os colaboradores a permaneceram na empresa até a aposentadoria. Porém, se hoje o colaborador valoriza a diversidade e a experiência de trabalhar em diferentes empresas, como fazer de um fundo de pensão um estímulo ou um diferencial?

Na minha avaliação, a resposta é oferecer, de fato, um benefício sem esperar algo em troca. Ou seja, é preciso que os fundos se adequem a essa nova geração, oferecendo o que eles realmente buscam: mobilidade, segurança, propósito e ganhos financeiros. Muitos fundos de pensão possuem políticas bastante rígidas, dificultando e, às vezes, até penalizando aqueles que querem alguma mudança. Se, no passado, estas regras ajudavam a reter os participantes, para a nova geração, exercem exatamente o efeito contrário.

Em linhas gerais, os fundos de pensão precisam se desapegar dos recursos investidos. No caso de fundos que possuem a chamada contrapartida, ou seja, para cada real aplicado pelo contribuinte, a empresa aplica um valor equivalente, é comum vermos prazos longos de permanência para que o participante tenha direito a esses recursos. Em situações como esta, as regras podem acabar com o beneficio.

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Além de trocar de emprego antes de cinco anos, se o profissional não puder contar com os recursos investidos pela empresa, ele poderá ter um retorno menor do que em outros tipos de aplicação. Os descontos por conta de resgates antecipados, em muitos casos, fazem com que o participante perca a vantagem de aplicar em um fundo de pensão e, o invés de motivado, sinta-se enganado.

É preciso considerar que, hoje, as pessoas possuem uma visão muito mais ampla sobre investimentos. As novas gerações nasceram em um contexto de estabilidade econômica, diversidade de aplicações financeiras e bancos digitais. O acesso à informação é algo indescritível e que facilita a tomada de decisão.

Os fundos precisam se adequar a este novo participante. É preciso permitir a mobilidade que ele deseja. Além disso, deve-se oferecer perfis diferentes de investimentos. O participante precisa de opções para avaliar se quer ou não investir no fundo de pensão. E o fundo precisa ter carteiras arrojadas, moderadas e conservadoras. O novo participante também é digital. As informações sobre a alocação da carteira, os rendimentos e os saldos precisam estar disponíveis na palma de sua mão. Em outras palavras, fundos de pensão também é investimento e precisa de aplicativo.

Um benefício real que pode ganhar a simpatia das novas gerações é agregar educação financeira aos fundos de pensão. Para ser de fato um beneficio, os participantes precisam saber que a empresa, de fato, está preocupada em como será a vida deles após a aposentadoria. E isso significa investimento em educação, possibilidades e assistência.

Se os jovens buscam propósito e são estes jovens que garantirão a perpetuidade dos fundos de pensão, está na hora de os gestores alinharem as suas políticas ao seu principal objetivo: investir em um futuro melhor para todos os seus participantes.

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*Sara Marques, sócia da LUZ Soluções Financeiras e diretora da área de Previdência

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