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A ineficácia das esferas públicas terá um preço: uma temporada de encerramento de empresas

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Por Marcia Ruiz Alcazar
Atualização:
Marcia Ruiz Alcazar. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Existe um consenso de que nos falta experiência (ou maturidade) para enfrentar uma ameaça de tamanha extensão. Porém, se não tivemos um grande impacto local nas últimas grandes guerras, é preciso lembrar que a gripe espanhola assolou o país há pouco mais de cem anos, matando inclusive o presidente eleito. Dentro dessas 50 décadas de história, que lições e vivências podemos trazer para o momento?

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Esses pouco mais de 500 anos e diferentes sistemas políticos nos legaram uma federação com quase três dezenas de estados, mais 5,5 mil municípios além da máquina federal, todos com seus executivos, legisladores e funcionalismo público. A um custo que traz à tona incontáveis debates sobre sua eficiência e papel.

Talvez, para um país que atingiu mais de 210 milhões de habitantes tudo isso, tamanha estrutura possa fazer sentido. Mas, não há como negar essa máquina pública nos custa muito dinheiro e tempo. E, neste momento em que mais precisamos de todas essas engrenagens funcionando, elas parecem travadas ou girando em falso em suas diferentes partes.

Estamos assistindo a um recorde histórico de medidas provisórias, revogações, portarias, resoluções, instruções que são emitidas na tentativa de manter a nação em ordem e progredindo. Só que o efeito parece ser inverso.

A impressão é que nos perdemos no excesso de burocracia e complexidade fiscal. O fato é que, no conjunto, tudo que já foi proposto não tem setindo prático algum e expõe claramente a falta de integração dos entes federativos e seus dirigentes políticos.

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Num momento de crise é preciso ter união e menos ato político. Quem de fato pensa no Brasil como nação, no coletivo acima do individual?

As empresas precisam de apoio, precisam que os governantes confiem absolutamente na capacidade e idoneidade fiscal de seus contribuintes. Os adimplentes não podem pagar pelos inadimplentes.

Já passou da hora dos prefeitos, governadores e Presidência da República se unirem independentemente de ideologia ou política partidária. Precisamos que lutem pela ordem e progresso da nosso Brasil, afinal, acima de tudo, somos todos brasileiros e devemos nos orgulhar disso.

Isso começa pelo apoio incondicional a todas empresas brasileiras independente de porte, tamanho, segmento, atividade, situação fiscal ou grupo econômico.

Assim como confio que todas as medidas emergenciais de saúde estão sendo tomadas, é imperativo e urgente que toda a máquina citada no começo, do chefe máximo do Executivo ou assessor técnico da autarquia fiscal, confie nas empresas estabelecidas na nossa nação.

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Como? Fazendo que todos vencimentos de impostos, contribuições, taxas e suas respectivas obrigações acessórias sejam prorrogados através de um ÚNICO ATO PÚBLICO, de abrangência nacional, para serem cumpridos, no mínimo, até 30 de junho de 2021 - ou quando a economia se restabelecer.

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Não é possível que, num momento como esse, cada estado queira ser mais protagonista que o outro, que cada prefeitura decida isoladamente aquilo que afeta a vida de todo cidadão brasileiro, que os entes federais não trabalhem pela harmonização de tudo isso.

Se municípios, estados e federação querem receber PIS, COFINS, CIDE, ICMS, IPI, IOF, ISS, FGTS, INSS, IRRF, IRPJ, CSLL, AIRPJ, é preciso proteger as empresas contra o FIM.

Numa demanda de liquidação financeira, existe a priorização do interesse econômico em detrimento dos créditos tributários, portanto, é prudente observar isso para que toda empresa brasileira seja poupada de maiores dificuldades.

Sem empresas, não há arrecadação; sem arrecadação não tem máquina pública; sem máquina pública não há controle nem fiscalização; e, assim, inauguraremos uma temporada de promoções: encerramento de empresas grátis! Parece piada (de mau gosto), mas não é.

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Mais do que fé no futuro, é preciso exercer a confiança absoluta nos empresários e empreendedores e simplificar esse imbróglio de obrigações e vencimentos fiscais que só existe no Brasil. Quem é que dispõe de tempo para cuidar e desemaranhar tamanho novelo se o tempo que nós temos é para combatermos uma ameaça à vida?

Que venha um ato público de abrangência Nacional, pois precisamos das empresas respirando sem ajuda de aparelhos.

Numa guerra onde todos mandam, todos morrem.

*Marcia Ruiz Alcazar, presidente do Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo na gestão 2018-2019

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