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A governança como força motriz do esporte brasileiro

Por Fabiana Bentes
Atualização:
Italo Ferreira. FOTO: LISI NIESNER/REUTERS  

Além de medalhas, surf e skate trouxeram de Tóquio os holofotes à administração do esporte olímpico do país. De um lado, o surf com um presidente com graves problemas com a justiça, do outro, o skate e um atleta que não se relaciona bem com a confederação do seu esporte. Em comum, ambas modalidades com atletas medalhistas que não alcançaram seus resultados por meio da estrutura tradicional do esporte no Brasil: clubes, federações e confederações e, tampouco, em sua formação, receberam recurso público. Atletas independentes, que cresceram apoiados por seus familiares, conquistaram protagonismo no mundo digital e, como influenciadores, atraíram patrocinadores. Atletas que apenas precisaram de uma confederação para poder representar, oficialmente, o Brasil nos Jogos Olímpicos.

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Alguns perguntariam para que serve então uma confederação? Essa pergunta é fácil de responder. Independente das críticas ao modelo esportivo do Brasil, as confederações servem para organizar a modalidade, auxiliar os atletas de forma plena no alto rendimento, organizar competições, entre outras atividades. Na verdade, a pergunta difícil é: as confederações exercem seu papel? Em muitos casos, não. Escândalos de corrupção, assédio, má gestão, atletas intimidados, familiares exercendo alternadamente a presidência da entidade, presidentes que enfrentam a legislação e se perpetuam no poder, entre outras condutas absolutamente reprováveis, continuam assombrando o desenvolvimento do esporte nacional.

Dar significância às confederações é papel dos dirigentes, é nas mãos deles que estão as decisões estratégicas para a geração olímpica. É por meio deles que as confederações devem ser um meio para alcançar resultados e não um estorvo para um atleta. E se não há como fugir do modelo das confederações, urge modernizar sua atuação. A governança é o alicerce que o país precisa para garantir o desenvolvimento do esporte em sua máxima potência. Além disso, os mecanismos de controle das empresas patrocinadoras, a atuação do Ministério Público Federal, da Secretaria Nacional do Esporte e do próprio Comitê Olímpico do Brasil, que pode e deve, dentro das suas atribuições de entidade máxima do esporte olímpico do país, punir as entidades que não cumprem o estatuto, por exemplo, tirando o direito de votar nas assembleias. São algumas das formas para pressionar a melhoria da governança.

Por outro lado, estão os atletas, que por mais fortes que sejam as instituições, não podem se deixar intimidar e precisam fazer valer seu protagonismo na gestão, lembrando que há o conselho de ética do COB para formalizar denúncias de coação, inclusive. Mas os dirigentes precisam entender que ter uma comissão de atletas forte é bom para a entidade, favorece a imagem, atrai investidores e, ao atuar em conjunto, a modalidade só tem a ganhar. Alguns dirigentes já descobriram isso e tem modelos de governança premiados, e estes também devem se unir para pressionar os que insistem em prejudicar o esporte. O fato é que não há mais espaço para a gestão temerária e a governança é o principal caminho para o sucesso do esporte do Brasil.

*Fabiana Bentes, CEO da Sou do Esporte

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