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A força de trabalho na nova realidade

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Por André Coutinho
Atualização:
André Coutinho. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Um dos mais perversos efeitos colaterais da covid-19, com forte impacto social, é uma taxa de desemprego raramente vista na história. Além disso, a pandemia provocou uma dura seleção entre trabalhadores essenciais e não essenciais, com critérios muitas vezes exagerados, típicos de economia de guerra. Também acelerou a automação e levou ao fechamento de empresas.

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Nesse cenário sem precedentes, as empresas, na busca por soluções operacionais, precisam estruturar uma força de trabalho versátil e adaptável. À medida que os negócios se recuperem, é estratégico que todas estejam prontas, no tocante à constituição das equipes, para operar na nova conjuntura, equilibrando as necessidades dos colaboradores de linha de frente.

No presente contexto, a estratégia de Pessoas ganha ainda mais relevância, pois é preciso adequar o time para o enfrentamento contingencial da crise, ainda muito aguda, mas já levar em conta as transformações decorrentes da crise. Em médio e em longo prazo, as organizações precisarão considerar novos arquétipos do quadro de funcionários, combinando tecnologia e profissionais flexíveis e cada vez mais capacitados.

Alguns indicadores evidenciam a necessidade dessa diversificação. É verdade, por exemplo, que a pandemia acelerou o trabalho virtual. Pesquisa da Universidade de Chicago mostra que 34% das funções nos Estados Unidos podem ser realizadas remotamente. Porém, 66% não podem. Fica clara aqui a importância de se contar com colaboradores capazes de atuar em ambas as vertentes, pois ambas terão continuidade, independentemente do cenário.

De fato, é preciso reestruturar benefícios (como aposentadoria e assistência à saúde física e mental) e salários dos colaboradores, de modo coerente com sua importância e tendo como parâmetro as circunstâncias e desafios inerentes ao à nova realidade. Ademais, até que o vírus esteja totalmente sob controle, os funcionários da linha de frente, seja no espaço físico dos escritórios ou no contato direto com clientes, fornecedores e consumidores, precisam estar bem equipados, protegidos e adequadamente remunerados.

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Há, ainda, oportunidade de aproveitamento de muitos talentos disponibilizados pelas demissões, realocando-se os orçamentos em direção a contratações oportunas e preenchendo gaps nos conjuntos de habilidades. Cabe montar estruturas para readmitir funcionários em escala, à medida que as condições econômicas melhorarem, e acessar plataformas de contratação vertical.

As providências de reorganização da força de trabalho também implicam investimento em robótica ou tecnologia autônoma, visando aumentar a eficiência e a continuidade operacional. Obviamente, isso inclui um plano para requalificar os trabalhadores deslocados e preencher as necessidades emergentes de emprego.

A pandemia provocou rápidas e agudas transformações. Somente algo crucial não se alterou: o foco continua sendo o ser humano.

*André Coutinho é sócio-líder de Advisory da KPMG no Brasil e na América do Sul

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