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A falta de estadistas no combate à pandemia

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Por Marcelo Castro
Atualização:
Marcelo Castro. Foto: Divulgação

Somos o pior país do mundo no combate à pandemia do coronavírus. Não é sensacionalismo nem opinião, são fatos: somos a única nação do planeta que após o 50º dia de pandemia os casos de novas infecções (e novos óbitos) continuam em uma curva crescente, segundo gráfico publicado no jornal inglês Financial Times.

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Erramos todos. Erramos muito. O senso de coletividade do brasileiro que preferiu simplesmente ignorar o problema e continuar com sua rotina como se nada estivesse acontecendo foi posto à prova - e falhou miseravelmente. Alguns erros são maiores que outros, porém. Algumas condutas não podem ser simplesmente classificadas como erros, quando são dolosas. Qual o motivo, por exemplo, do presidente da República ter ignorado e fingido que nada disso existia, mesmo que a doença tenha chegado aqui com quase três meses de atraso em relação à China e dois em relação à Europa? Dolo. Má-fé e dolo.

Outra coisa que foi posta à prova foi o nosso modelo federalista. Quando achamos que não ficaríamos a mercê de loucuras do governo federal, fomos surpreendidos, em São Paulo, por medidas não menos tresloucadas (e igualmente dolosas) como o rodízio municipal de veículos ampliado implantado pelo prefeito Bruno Covas que - por óbvio - aumentou as aglomerações nos transportes públicos e, provavelmente, custou algumas vidas. Isolaram os carros e aglomeraram as pessoas. 

Tivemos tempo para nos preparar e dar uma resposta à altura para crise. Tínhamos tudo na mão: informação, ciência, poder político. Só faltou o essencial: estadistas com coragem e altivez suficiente para assumir as posições corretas mesmo que isso custasse votos ou popularidade. Faltou gente com coragem para implantar o simples, mas necessário: um lockdown completo, duro, vigilante, para que fosse curto e salvasse vidas e a economia. 

Faltaram estadistas. Sobraram falências, sobraram corpos. 

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*Marcelo Castro é especialista em Gestão Pública pela John F. Kennedy School of Governement.

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