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À deriva

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Por João Paulo Gomes
Atualização:
João Paulo Gomes. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Passado o pico do tsunami da pandemia, encontramos vários sobreviventes perdidos. Mesmo com alguns setores da economia esboçando reação, empreendedores juntam os cacos para voltar a moer para compensar as perdas e crescer de fato.

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Temos um barco que não afundou, mas não atravessou a tempestade ileso. Olhamos o convés e vemos um quadro de letargia da tripulação que não sabe para onde ir nem como. Em parte, o dano financeiro causado pela paralisação das vendas e operações parece deixar fissuras irreparáveis no antigo modelo de negócio. A conta não fecha, nem há caixa pra salvar.

A interrupção das atividades também causou danos no contato com o mercado, acordos preexistentes perderam validade, a equipe reduziu, desaprendeu. Alguns parceiros comerciais nem sobreviveram.

O exercício da navegação, assim como o manejo de negócios, exige uma capacidade singular de adaptabilidade. No mar agitado, a gente usa todas as habilidades que dominamos para passar pelas piores ondas em condições de seguir na rota ou mudar de rumo.

Como em todo negócio coletivo, a estabilidade emocional e o foco de quem está no leme e na casa das máquinas é fundamental para redesenhar o curso. Ocorre que a letargia da tripulação não é apenas ligada à retomada da produção. Alguns marinheiros tiveram suas vidas pessoais reviradas, dificuldades em lidar com o isolamento, problemas de relacionamento com a família, falta de ferramentas e cultura para trabalho remoto, etc. Quadros de ansiedade e depressão explodiram.

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A tempestade não passou. Arrefeceu! Mas há um claro cenário de ressignificação na forma de trabalhar, produzir, gerir. Uma segunda onda, com níveis de abril ou maio, não está descartada. Há uma forte influência do cenário externo, pandemia, economia, mudanças. Mas há também um papel central do capitão, do prático e de toda a equipe em perceber que as soluções do passado não resolvem os problemas de hoje. A reinvenção constante é o que pode determinar se o barco afunda, fica à deriva ou atravessa as próximas ondas.

*João Paulo Gomes é especialista em neurociência aplicada ao consumo

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