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A covid e o drama das férias para os pais separados

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Por Niver Bossle Acosta
Atualização:
Niver Bossle Acosta. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Se as férias de verão já eram difíceis para os pais separados sem uma pandemia, imaginem agora, quando a imunização ainda está distante para os brasileiros. E se um dos pais respeita o isolamento e toma todos os cuidados e o outro nem tanto?

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Quando a relação não termina com um acordo equilibrado, a pandemia pode servir como um combustível para a alienação parental. Se um dos pais não está cumprindo os protocolos de saúde, o outro pode ver nisso um motivo para requerer uma revisão, uma alteração da guarda, alegando que o outro genitor estaria colocando a saúde da criança em risco.

Cabe as pessoas que orientam esses casais, advogados por exemplo, trazerem o equilíbrio para essa situação. Porque, se pensarmos o que é fundamental para criança, evidentemente temos que resguardar questão de saúde dela, mas é mais importante que ela mantenha o contato com a mãe e com o pai, mesmo ao fazer viagens. Estamos vivendo uma situação atípica e as pessoas ficam mais sensíveis por conta da pandemia. A criança precisa se sentir segura e saber que isso não é motivo para que ela venha se desvincular do pai ou da mãe. Os pais deveriam se colocar no lugar dos filhos e imaginarem como seria a vida deles.

O compartilhamento do tempo é algo fundamental para reforçar laços de afetividade com os filhos, e na época das férias requer uma dinâmica muito mais equilibrada. Sugiro aos pais que estejam separados, e com esquema de tempo com as crianças já organizado, mantenham os termos do acordo e assim não abram brechas para discussões.

Tive um caso complexo bem no início da pandemia. O casal havia se divorciado recentemente e estavam organizando o esquema de compartilhamento de tempo com os filhos. Uma das partes se preocupava em colocar em prática o isolamento social e a outra, não. Nós conversamos durante uma semana sobre a maneira de manter um compartilhamento satisfatório tendo em vista os interesses da criança. No fim, decidimos que era necessário manter esse equilíbrio na divisão de tempo e independente da conduta de um e de outro. Claro que não estou falando que um vá deixar de manter cuidados necessários ao filho. Na verdade, um tinha um ponto de vista um pouco mais suave em relação à quarentena, mas nada que prejudicasse efetivamente a criança. Hoje eles estão vivendo assim, respeitando a opinião de cada um.

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*Niver Bossle Acosta, advogada especialista em conciliação de divórcios

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