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'A corrupção no Brasil não foi fruto de falhas individuais', diz Barroso

Ministro do Supremo Tribunal Federal avalia que 'País precisa desesperadamente de reforma politica' e defende 'choque de iniciativa privada e empreendedorismo no Brasil'

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Por Luiz Vassallo
Atualização:

Luís Roberto Barroso. Foto: Ed Ferreira/Estadão

O ministro Luís Barroso, do Supremo Tribunal Federal, disse, nesta terça-feira, 19, que 'a corrupção no Brasil não foi fruto de falhas individuais'. Em sua avaliação, 'a corrupção foi sistêmica e endêmica, um fenômeno que irradiou de maneira muito abrangente, que envolveu iniciativa privada, classe política e burocracia estatal'.

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Barroso participou no Rio da 8.ª Conferência Brasileira de Seguros Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (Conseguro), organizada pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).

Trechos do pronunciamento de Barroso foram divulgados pela Superintendência de Comunicação Externa da CNseg.

Ele defendeu enfaticamente. "O Brasil precisa desesperadamente da reforma política."

Para o ministro, a 'reforma política precisa estar na ordem do dia na agenda pública do país'.

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Barroso ressaltou que 'não se pode mover o país com exacerbação de penas judiciais', mas reconheceu que, ao lado da impunidade, o sistema político brasileiro é o principal motor da corrupção no país.

Para o ministro, a reforma dificilmente sairá do papel caso as eleições permaneçam com custos exorbitantes. "Se nós não mudarmos o sistema político, não nos livraremos da corrupção associada ao sistema eleitoral. Tem que parar de pensar o País apenas em função da próxima eleição", alertou.

Barroso destacou três conquistas da sociedade brasileira nos últimos 30 anos - estabilidade política, controle da hiperinflação e inclusão social. "Mais de 30 milhões de pessoas deixaram a linha de pobreza. Avançamos na escolarização e na expectativa de vida."

Ele observou que a nova era no país precisa ser marcada pela valorização da iniciativa privada e do empreendedorismo sem os resquícios paternalistas que marcaram a relação do mercado, em geral, com o governo nas últimas décadas.

"As pessoas não gostam de riscos e preferem reservas de mercado e financiamentos públicos", disse ele, que define esse contexto como um "capitalismo de laços", no qual o acesso ao governo acaba sendo mais relevante que o acesso ao mercado competitivo. "É preciso um choque de iniciativa privada e empreendedorismo no Brasil", sugere.

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O ministro foi enfático ao cravar que um juiz deve ter distanciamento da políticia. "Até porque não existe corrupção de esquerda nem corrupção de direita, nem corrupção dos que eu gosto, nem corrupção dos que eu não gosto."

Ele disse que 'o País passa por um momento de refundação'.

"Não falo de política", seguiu Luís Barroso. "Mas é meu papel constitucional proteger as instituições e procurar aprimorá-las. Portanto, eu dedico um tempo relevante da minha vida a pensar as instituições, a participar do debate de ideias acerca de como aprimorar as instituições."

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