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A corrida presidencial ainda não começou!

Por Carlos Fernando dos Santos Lima
Atualização:
Carlos Fernando dos Santos Lima. Foto: Divulgação

As últimas pesquisas de intenções de voto que mostram Luís Inácio Lula da Silva com 49% dos votos, o suficiente para garantir a sua eleição para a Presidência da República já no primeiro turno, assustaram muita gente, não só dentro do Palácio do Planalto, mas também nas fileiras daqueles que defendem uma terceira via para a disputa.

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Apesar de realmente apontarem uma impressionante arrancada de Lula, o que fica mais evidente é o derretimento da candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição. Seu desempenho vem desmoronando a cada novo escândalo que seu governo enfrenta, restando cada vez mais reduzido o número daqueles que tem coragem de ainda o apoiar - ao menos publicamente.

Mas o certo é apenas que a pesquisa mostra uma fotografia do momento atual, talvez ainda não completamente impactada pelo escabroso escândalo da Covaxin, que parece colocar por terra qualquer tentativa racional de defender o atual presidente. Entretanto, como ainda faltam cerca de dezesseis meses para as eleições, não é momento ainda de qualquer desespero ou canto de vitória.

Eleições são definidas na reta final, especialmente quando há uma polarização significativa da população em torno dos principais candidatos. O que parece certo apenas nesta altura do campeonato é que o maior cabo eleitoral de Lula é Jair Bolsonaro, pois a rejeição ao seu governo está levando boa parte do eleitorado a fazer uma escolha impensada por seu suposto antagonista; assim, Lula vem se beneficiando da debacle do governo Bolsonaro.

Entretanto, mesmo sendo Lula um político hábil - sua candidatura hoje não possui nenhuma das características que o impulsionaram para suas duas vitórias - é bom que se diga, ele mais perdeu eleições presidenciais que ganhou. Hoje Lula é visto como um político velho, que não entusiasma mais pela ideia de mudança, pela esperança de um operário chegando ao poder, como no passado. Mesmo entre seus atuais eleitores, há muitos que reconhecem que Lula é apenas mais um político profissional que gosta muito de receber presentes e que está enterrado até o queixo em escândalos de corrupção.

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Tanto isso é verdade que se pode encontrar muitas manifestações nas redes sociais a favor de Lula, mas que usam o velho slogan ademarista e malufista do "rouba, mas faz!" para justificar a escolha. Trata-se de um exemplo de como o pragmatismo do Partido dos Trabalhadores em usar da corrupção como forma de governo acabou se impregnando no imaginário popular a tal ponto de corrupção ser mais ligada ao PT que aos próprios partidos do Centrão.

O certo é que a corrida presidencial ainda não teve sua largada, sendo qualquer arrancada neste atual momento mais um indicativo de estarmos diante de um pangaré paraguaio que realmente de um cavalo vencedor. Contudo, também não é momento de ficar dormitando a espera de saber para que lado o vento vai soprar.

Se ainda não é hora de se afirmar um nome para a terceira via, é preciso que todos os candidatos, de Ciro Gomes à Mandetta, passando por Dória, Eduardo Leite, e mesmo aqueles que já desistiram dela participar, como Huck e Amoedo, ou que não se decidiram, como Sérgio Moro, conversem entre si para estabelecer uma estratégia para, primeiro, impedir qualquer vitória de um candidato já no primeiro turno; segundo, de tirar um dos dois, Lula ou Bolsonaro, do segundo turno; terceiro, apresentar no segundo turno um candidato com um programa de centro voltado ao desenvolvimento com finanças públicas controladas, incentivo à ciência e à educação, garantia de uma saúde pública eficiente, combate à criminalidade organizada, especialmente à corrupção endêmica de nossa política.

A rejeição à política de mortes de Bolsonaro pode levar sua popularidade a números tão baixos que seu suporte na Câmara dos Deputados, comprado a peso de ouro junto ao Centrão, pode erodir rapidamente, permitindo que um processo de impeachment avance e acabe destronando o nosso desbocado Calígula. Mas daí teremos uma outra corrida para narrar. É melhor deixar qualquer aposta somente para o ano que vem, pois nem todos os cavalos já estão alinhados no box de partida.

*Carlos Fernando dos Santos Lima é advogado especialista em compliance e procurador da República aposentado.

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