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A contribuição dos grupos de afinidade para as políticas de DI das empresas

Por Deives Rezende Filho e Simone Gallo
Atualização:
Deives Rezende Filho e Simone Gallo. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Os chamados comitês de Diversidade e Inclusão estão cada vez mais presentes e atuantes nas organizações mais afinadas com as boas práticas de ESG. Mas para que esses comitês tragam, efetivamente, bons resultados para as empresas é importante que eles estejam conectados aos grupos de afinidade, que reúnem aqueles funcionários com interesses e características em comum.

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Na maioria das corporações, os grupos de afinidade nascem de um movimento natural daqueles colaboradores que, por fazerem parte de grupos minorizados dentro dos locais de trabalho, temem ser marginalizados e não ter voz ativa na empresa. Entre os 'coletivos' mais comuns estão o dos negros, mulheres, mães e LGBTQIA+.

Mesmo ainda engatinhando no tema da Diversidade e Inclusão, as empresas brasileiras parecem já estar amadurecendo esse movimento coletivo entre seu público interno.  Uma mostra disso é o resultado de uma pesquisa da da PwC, de 2021, que investiga os programas de diversidade e inclusão (D&I) das empresas e seu impacto na experiência dos colaboradores. O estudo revela que apesar dos esforços, a diversidade ainda é vista como barreira ao avanço da organização, tanto que 76% dos entrevistados dizem que o tema é um valor ou uma prioridade.

Ao incentivar a criação desses coletivos, as corporações dão corpo aos seus comitês de D&I. Isso porque, ao discutir abertamente com seus pares assuntos relativos à postura e às ações de inclusão da empresa, os grupos de afinidade podem contribuir muito para o aprimoramento de uma gestão realmente diversa e inclusiva, compilando e levando aos comitês as demandas, sugestões e pontos a serem melhorados em relação à política de D&I da empresa.

As organizações que tomam a dianteira e lançam a ideia da formação dos coletivos normalmente traçam alguns caminhos possíveis já atrelados aos temas incluídos na pauta dos comitês. E é importante que esses grupos sigam com os assuntos já integrantes do Projeto de Diversidade e Inclusão da empresa, contribuindo, por exemplo, com a sugestão de temas específicos para estudo e desenvolvimento; sendo protagonista como colaboradores nas organizações dos temas e eventos prioritários, representatividade; mapeando cases de sucesso; e dando voz a suas próprias histórias inspiradoras.

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É fundamental que os grupos de afinidade tenham uma governança bem estabelecida, com papéis, responsabilidades e até mesmo alçadas para propor ações, temas e soluções. O importante é que a governança garanta também, que sejam ouvidos e que tenham respostas a suas propostas - mesmo que sejam negativas - para que as soluções sejam implementadas dentro dos processos democráticos de deliberação e decisão.. Muitas vezes as demandas e temas não poderão ser atendidos, por "n" questões, mas é importante que tenham suas sugestões, recomendações, benchmarks ao menos levados em consideração. E que sejam apoiados de ponta a ponta dentro da organização, incluindo aí, especialmente, a cúpula e os gestores da empresa. Temos visto muitos casos de corporações que mantêm comitês de D&I, mas que estes não contam com a participação e o comprometimento de seus líderes - o que torna nula, ou muito menos efetiva, a contribuição desses comitês.

Outro ponto fundamental é que a empresa se comprometa a dar feed-back - sempre de forma rápida e clara - às propostas e considerações levadas pelos coletivos. As respostas, vale ressaltar, não serão sempre positivas, mas o retorno é importante para que os grupos de afinidade não percam a força.

A importância da governança proposta é exatamente no sentido de manter a essência e a finalidade destes grupos, como algo que agregue para a empresa, seus colaboradores e clientes, com eficácia na propositura de soluções. Grupos de afinidade sem esta governança e estrutura podem perder seu objeto e podem virar fóruns de discussões de interesses individuais, reivindicações relacionadas a remuneração e benefícios ou funcionem como canais de reclamações/denúncias ou espaços terapêuticos, o que não agrega valor nem para que participa, muito menos para a empresa como um todo.

As lideranças precisam olhar e fazer parte das atividades cotidianas dos programas de diversidade de suas organizações para, de fato, saber o que se passa dentro do ambiente de trabalho. É papel fundamental desses líderes estar sintonizados com tudo o que acontece ao redor para entender que tipo de comportamentos levam os colaboradores a sentir que o ambiente é ou não inclusivo. O Brasil é um país essencialmente diverso e os grupos de afinidade estão aí para levar essa diversidade e representatividade para o mundo corporativo. As empresas que souberem tirar bom proveito disso, criando ambientes com mais equidade de oportunidades e respeito às diferenças, verão aumentar seus lucros e serão mais bem sucedidas em inovação, competitividade e engajamento de talentos.

*Deives Rezende Filho,  graduado em Ciências Contábeis, com MBA em Gestão Empresarial, é fundador da Condurú Consultoria; Simone Gallo, mestre em Direito Constitucional, com MBA em Gestão Empresarial, é Head de Diversidade e Inclusão da Condurú Consultoria

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