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A confusão das máscaras

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Por Fernando Goldsztein
Atualização:
Fernando Goldsztein. Foto: CRISTIANO SANTANNA/INDICEFOTO

Tenho estado em alguma regiões dos Estados Unidos nas últimas semanas. Cada vez menos restrições e  mais alegria e descontração nas ruas com a pandemia, pouco a pouco, sendo controlada. Porém, mesmo com esta melhora visível em várias regiões, fiquei chocado ao chegar na Flórida, mais especificamente em Miami.

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Situada às margens do Atlântico, quase no Caribe, Miami possui praias de areias brancas e águas de um azul-esverdeado exuberante. É um lugar que reúne a infra-estrutura de uma metrópole e, ao mesmo tempo, ambientes naturais belíssimos. O clima sempre quente e úmido, destoa  do resto dos Estados Unidos que, via de regra, tem estações bem definidas. Mas as diferenças não se restringem ao clima. A cidade é festiva e colorida. É comum os prédios modernos ostentarem neons de várias cores em suas fachadas. Já a arquitetura "Art Deco" do inicio do século passado é muito bem preservada e valorizada em Miami Beach. Como dizia um antigo professor que tive nos EUA: " Miami é uma ótima cidade, bem organizada, até parece que você está nos Estados Unidos". Pois realmente é uma cidade diferente. Pra começar, daria pra se dizer que a língua oficial é o espanhol. Também tem muitos residentes brasileiros que são atraídos pela descontração da cidade. É, sem dúvidas, um local muito agradável e ótimo para uns dias de descanso.

Voltando ao choque na minha chegada. Não obstante a Flórida estar com "apenas" 49% da população com a primeira dose da vacina e 39% totalmente vacinada, as pessoas, em muitos lugares, não estão usando máscaras. O governador da Flórida decretou que a máscara não é mais obrigatória para quem está totalmente vacinado. Foi o que bastou. Ao chegar no hotel me deparei com elevadores lotados de pessoas com e sem máscaras. Surreal! Num primeiro momento tentei evitar entrar no elevador com pessoas sem máscaras, mas a tentativa foi em vão.  Apesar de eu estar vacinado, as pessoas que estavam comigo ainda não tinham sido vacinadas, assim como 61% da população da Flórida. Na rua, nos shoppings e nos hotéis se vê hordas de pessoas sem máscaras, mas também se vê um número razoável com máscaras. É como se as pessoas vivessem em mundos diferentes.

Ficam então as perguntas: Seriam estes mascarados pessoas que se recusam a vacinar-se mas tem medo de serem contaminados? Por outro lado, será  que todos que estão sem máscaras são realmente vacinados? Ou seriam pessoas que não tem medo de contaminar ou serem contaminadas (os negacionistas)?  Não exige-se nenhum tipo de comprovação de vacinação. Evidente que aqui nos Estados Unidos a situação é muito diferente da nossa. As vacinas são abundantes e só não se vacina quem não quer. Porém, a pandemia não está controlada e abrir mão das máscaras desta forma me parece, no mínimo, temerário e muito confuso. Fiquei imaginando a enorme confusão que será isso no Brasil quando a vacinação estiver mais avançada. E ainda com um agravante, pois as vacinas que predominam no Brasil até agora não são tão efetivas quanto as daqui. Isto é, não oferecem o mesmo nível de proteção. Portanto, apertem os cintos,  acredito que teremos muita turbulência pela frente, mesmo depois de vacinados.

*Fernando Goldsztein, empresário

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