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A China está chegando ao Afeganistão

Por Rogério Tadeu Romano
Atualização:
Cabul. FOTO: RAHMAT GUL/AP  

A China e a Rússia estão se aproximando do Afeganistão nesse momento em que o grupo Talibã, que é um coirmão da Al Qaeda, que está por trás da explosão das torre gêmeas, em 2011, tomou o poder.

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A China é literalmente pragmática em suas relações. Vai oferecer a uma população que vive da agricultura e da cultura do ópio, além da ignorância larvar, os seus produtos. Ela é autocrática no terreno político, sem dar cabimento a direitos humanos que perturbem os interesses do Estado, e é capitalista no campo econômico. Vive sob uma estranha dubiedade: partido comunista, que é um partido único, planeja e executa uma política capitalista de mercado que tem levado a sérios danos ambientais na cobiça por resultados. Dizem que Pequim é "uma sauna", no verão.

A China demonstrou abertamente ao Taleban seu apoio, tendo recebido uma delegação do grupo há três semanas, em reunião na qual o chanceler Wang Yi colocou seus termos: apoiaria os radicais se eles se desligassem da insurgência islâmica na região chinesa de Xinjiang.

Mas terão a Rússia e principalmente a China, o interesse de, com suas tecnologias, explorar os minerais naquele país, que é estratégico como porta aberta para o Paquistão(onde dizem que morreu Osana Bin Laden, líder da Al Quaeda), e a Índia, duas nações com bombas atômicas. Tudo é perto do Iraque, aliado americano e por ele conduzido, com suas jazidas de petróleo imensas e do Irã, inimigo dos Estados Unidos, e rico em petróleo.

A China sabe que poderá ganhar muito dinheiro com ouro, cobre etc. Isso se vê na aproximação entre o talibã e o governo chinês, como visto recentemente em vista de um líder daquele grupo governante à China.

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Os Estados Unidos, em vinte anos, tentaram oferecer segurança para aquele povo, mas não ofereceram melhoria econômica e social. Agiram como um pais que é há mais de cem anos: imperialista.

Segundo o Monitor do Mercado, em excelente reportagem, atualmente, o PIB do Afeganistão é de cerca de R$ 105 bilhões (US$ 19,29 bilhões, em 2019), ocupando a 110ª posição no ranking mundial. No entanto, há exatos 11 anos, um relatório divulgado pelo Pentágono trouxe uma nova perspectiva para a economia do país.

De acordo com o relatório, publicado pelo New York Times em junho de 2010, o Afeganistão possui quase um trilhão de dólares (mais de 5 trilhões de reais) em reservas minerais ainda inexploradas.

Disse ainda o Monitor do Mercado, que os depósitos minerais incluem grandes veios de minério de ferro, cobalto, cobre, ouro e lítio, material usado em baterias recarregáveis, usadas por celulares e computadores.

Um documento interno do Pentágono diz que o Afeganistão poderia se tornar a "Arábia Saudita do lítio", em referência à produção de petróleo árabe.

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Como revelou a CNN, Os Estados Unidos gastaram mais de US$ 8 bilhões (cerca de R$ 41 bilhões) em 15 anos de esforços para privar o Talibã de lucroar com o comércio de ópio e heroína produzidos no Afeganistão.

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No entanto, a estratégia - que envolvia ações desde a erradicação da papoula até ataques aéreos a plantações e a laboratórios suspeitos - falhou.

A China, que poderá ser a nação hegemônica, daqui a meio século, sabe que o Afeganistão será um excelente "Estado-satélite". Certamente saberá "domesticá-lo" em sua violência e primitivismo. Não vai oferecer apenas segurança para os seus habitantes, mas bons negócios. Isso a China já faz na África e mundo agora, como país vetor dos chamados Brics.

A aproximação de Moscou combina com a de Pequim. Apenas a Rússia não tem poder econômico da China. Mas são duas autocracias destinadas a minar o poder americano. O Afeganistão lhes interessa por sua posição estratégica e por suas riquezas.

A palavra democracia parece não existir no vocabulário chinês e nem de seus aliados.

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*Rogério Tadeu Romano, procurador regional da República aposentado. Professor de Processo Penal e Direito Penal. Advogado

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