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A bússola da boa liderança

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Por Rui Brandão
Atualização:
Rui Brandão. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Existe uma filosofia sul-africana chamada Ubuntu, que em português significa "eu sou porque nós somos" que tem como mensagem que toda atitude individual traz consequências na vida do coletivo, tanto as ações boas como as ruins. O milenar ensinamento nos ajuda também a tirar lições para entender o papel da liderança na cultura empresarial, principalmente neste momento em que a saúde emocional dos profissionais está no centro das discussões.

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E está no centro das discussões porque é urgente. A lista dos 20 maiores motivos de afastamento do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) mostrou que, em 2020, transtornos relacionados à saúde mental já ocupam cinco posições no ranking. No próximo ano, passa a vigorar a decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS), que inclui a Síndrome de Burnout na lista de Classificação Internacional de Doenças (CID). Este último fato terá impacto direto nas empresas e aumenta ainda mais a pressão por estratégias de prevenção do estresse crônico no trabalho.

A mudança desta realidade no mundo do trabalho passa essencialmente por líderes que queiram ser o inverso ao que o imaginário popular tem como característica de um líder, ou seja, nada de figuras autocráticas e controladoras. Vejo a liderança como uma bússola, ou seja, aquela que aponta os objetivos, dá contexto e que anda junto aos seus liderados, para que construam com autonomia e criatividade os possíveis caminhos até o norte. Trabalho diariamente com empresas que querem colocar a saúde emocional como prioridade e costumo dizer que os líderes devem ser agentes multiplicadores, pois, é natural que os colaboradores repliquem e se espelhem.

Mas esse desejo de ser exemplo não pode transformar líderes em super-heróis, ainda mais neste momento em que estamos sendo impactados emocionalmente com as incertezas e consequências da pandemia. Os caminhos aos quais me refiro devem ser trilhados apoiando-se em algumas importantes habilidades emocionais, como a escuta ativa e a humildade, ambos necessários para ouvir e compreender que, como líder, nem sempre tenho a razão, que posso e devo aprender com meus liderados assim como eles comigo. Além disso, é fundamental a prática de compaixão, onde agimos em prol do próximo a partir do sentimento de empatia.

Como líder e contribuindo para uma cultura mais humanizada em mais de 300 empresas, inseri na minha rotina pessoal práticas como coaching, terapia e leitura, que me ajudam a estar sempre consciente da importância das pessoas no meu dia a dia. Observo os meus comportamentos, como reajo com o outro lado e sei que é preciso ter intencionalidade para dedicar tempo para estar próximo e escutar.

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Por mais incríveis que sejam as mudanças tecnológicas, o maior ativo que há no mercado de trabalho são as pessoas. Essa certeza também é apontada em pesquisa da OMS que calculou que problemas psicológicos custam 1 trilhão de dólares à economia global a cada ano em perda de produtividade. Olhar para a saúde emocional é responsabilidade de todos e inegavelmente são os líderes que podem e devem pensar em projetos para uma jornada de trabalho cada vez mais saudável, com redesenhos de fluxos e comunicação de apoio.

Vamos juntos.

*Rui Brandão, CEO do Zenklub

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