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A busca pelo bem-estar e a reinvenção dos condomínios residenciais

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Por Alexandre Mangabeira
Atualização:
Alexandre Mangabeira. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Será que há dois anos você pensaria em descer para a área comum do seu prédio em busca de um ambiente de qualidade e relaxamento? Ou melhor, você ainda frequentava esses espaços de maneira recorrente? Piscinas (adulto e infantil), quadras poliesportivas, saunas, churrasqueiras, academias - por muito tempo os condomínios eram verdadeiros clubes. A cada novo empreendimento imobiliário uma novidade que conquistava o morador na hora da compra, mas não necessariamente tão utilizadas depois de se mudarem.

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Apesar da segurança oferecida e da facilidade de se divertir a uma descida de elevador de distância, fato é que o lazer fora de casa, principalmente em cidades vibrantes como São Paulo, era muito atraente e acabava competindo com as facilidades do condomínio. Alguém que já passava grande parte do dia na rua, acabava ficando ainda mais tempo fora de casa em seu tempo livre, socializando e aproveitando a variedade de opções do que fazer. E, com isso, por mais quantidade de espaços de diversão que um condomínio possa oferecer, sendo todas um tanto impessoais, acabaram perdendo a preferência.

Até que ponto, portanto, ainda vale oferecer esses espaços dentro desse conceito? O custo de oferecer essas facilidades não é barato. É um gasto considerável desde a concepção do projeto, que exige terrenos maiores, até os custos de manutenção do condomínio com o empreendimento pronto. Essas eram questões que estavam aos poucos sendo analisadas pelo mercado imobiliário até que a pandemia do COVID19 provocou discussões e, consequentemente, mudanças mais rápidas não só no setor imobiliário, mas em todos.

Segundo o Euromonitor International, antes do vírus, 50% dos millennials preferiam gastar seu dinheiro com experiências em vez de produtos físicos. Viagens, bons restaurantes, festivais e festas eram prioridade. As restrições às aglomerações, contudo, estão aumentando o interesse por atividades que podem ser realizadas em casa e levam os consumidores a se atentarem mais com a saúde mental, reformulando a balança entre vida profissional e pessoal e explorando novos hobbies. A busca pela plenitude e o equilíbrio nunca esteve tão em alta. O bem-estar agora é o mais importante e produtos e serviços que incentivam uma vida mais saudável estão sendo incorporados cada vez mais ao dia a dia das famílias.

Nesse novo cenário, as áreas comuns vão ter um propósito maior que simplesmente proporcionar momentos de distração. Os espaços compartilhados começam a ter uma nova cara - áreas de descanso, estúdios de yoga e salas de massagem entram na lista de ambientes planejados para transmitirem a sensação de acolhimento e conforto e devem aparecer com força em novos empreendimentos. A estratégia vem de encontro ao desejo do consumidor, que depois das privações do isolamento social busca uma vida mais tranquila, principalmente nas grandes cidades.

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A localização também tem um novo peso dentro dessa realidade que se desenha. A praticidade que bairros centralizados e bem movimentados costumavam oferecer ao preço do sacrifício de espaço deixa de ser prioridade. Por outro lado, bairros mais afastados de áreas comerciais, com boa infraestrutura, acesso a serviços e transporte e área verde proporcionam a tão almejada qualidade de vida e bom custo-benefício, já que imóveis nessas regiões tendem a ser mais espaçosos, com o metro quadrado mais barato e permitem mais incrementos nas áreas comuns.

Já até existia um movimento tímido de adultos motivados a melhorar seu estilo de vida, que foi acelerado com a pandemia. As novas prioridades mudaram drasticamente os hábitos de consumo e essa ruptura impactou como as pessoas priorizam o bem-estar pessoal, forçando empresas e marcas de diversos setores a reavaliarem seus produtos. Com o mercado imobiliário não é diferente, já que hoje, mais do que nunca, uma casa também precisa ser um lar. Se no futuro essa lógica vai ser a mesma, só o tempo dirá.

*Alexandre Mangabeira, diretor executivo de Incorporação da Tecnisa

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