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A acusação da Procuradoria contra Paulo Bernardo, o 'líder' da organização criminosa

Em 140 páginas, procuradores do Ministério Público Federal revelam passo a passo as ligações do ex-ministro do Planejamento do governo Lula com o esquema Consist para desvios de R$ 102 milhões de empréstimos consignados

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Por Julia Affonso e Mateus Coutinho
Atualização:
 Foto: Estadão

A força-tarefa da Operação Custo Brasil - missão integrada da Procuradoria da República e da Polícia Federal em São Paulo - afirma que o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo era o 'líder' de organização criminosa que supostamente desviou R$ 102 milhões de empréstimos consignados no âmbito daquela Pasta durante o governo Lula. O ex-ministro teria recebido R$ 7,1 milhões em propinas.

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A ACUSAÇÃO

Denúncia de 140 páginas levada à Justiça Federal em São Paulo sustenta que Paulo Bernardo estava no 'ápice' da organização.

"Sua participação era tão relevante que, mesmo saindo do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, em 2011, continuou a receber vantagens indevidas, para si e para outrem, até 2015", afirma a acusação, subscrita pelos procuradores da República Andrey Borges de Mendonça, Silvio Luís Martins de Oliveira, Rodrigo de Grandis e Vicente Solari Mandetta.

"Paulo Bernardo tinha ciência e agia sempre por intermédio de outros agentes, para não se envolver e não aparecer diretamente."

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"O então ministro era de tudo cientificado e suas decisões eram executadas sobretudo por intermédio de Duvanier Paiva, secretário de Recursos Humanos no Ministério do Planejamento, seu subordinado."

"Paulo Bernardo era, nas palavras de um dos integrantes da organização criminosa, o 'patrono' do esquema criminoso, mesmo após a sua saída do Ministério do Planejamento."

"O oferecimento de vantagens indevidas a Paulo Bernardo era renovado mensalmente."

"Após a morte de Duvanier, os pagamentos para Paulo Bernardo, embora diminuídos, era ainda pela influência que possuía no Ministério do Planejamento, como ex-ministro, e atual ministro das Comunicações."

"Paulo Bernardo estava de tudo ciente e, inclusive, tratou da divisão de propinas com João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT)."

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"Paulo Bernardo recebeu valores não apenas para que o esquema fosse implementado em 2010, mas também para que fosse mantido até 2015."

COM A PALAVRA, A ADVOGADA VERÔNICA ABDALLA STERMAN, QUE REPRESENTA PAULO BERNARDO:

"O ex-ministro Paulo Bernardo reitera que não participou ou teve qualquer ingerência na celebração ou manutenção do acordo de cooperação técnica celebrado autonomamente entre a Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e as associações de Bancos e Previdência (ABBC e SINAPP). Também reitera que não se beneficiou de qualquer quantia da Consist, quer direta ou indiretamente. Por fim, espera e acredita que a Justiça reconhecerá a improcedência das acusações."

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