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Ministro sugeriu a operador que ficasse 'só com desvios' em obras, diz delator

Eduardo Lopes de Souza, dono da construtora Valor, envolve, em seu acordo de colaboração, o ministro da Saúde suposta na compra de um cargo no governo estadual do Paraná em troca de uma suposta mesada de R$ 15 mil, em 2015

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Por Luiz Vassallo , Fabio Serapião e Julia Affonso
Atualização:

O deputado Ricardo Barros, líder do governo Bolsonaro na Câmara. Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

O ministro da Saúde Ricardo Barros (PP) teria sugerido, à época em que era deputado federal, em meados de 2015, ao ex-diretor da Secretaria de Educação do Paraná, Maurício Fanini, que ele abrisse mão de desvios relacionados à merenda e ficasse somente com propinas de contratos para a construção de escolas, segundo relatou o dono da construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, em delação.

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Alvo da Operação Quadro Negro, que apura desvios na Secretaria de Educação do Paraná, o empreiteiro confessou crimes à Procuradoria-Geral da República e seu acordo de delação está pendente de homologação junto ao Supremo Tribunal Federal.

Eduardo envolve, em seu acordo de colaboração, o ministro da Saúde na compra de um cargo no governo estadual em troca de uma suposta mesada de R$ 15 mil, em 2015. Os valores teriam sido entregues a Juliano Borghetti, cunhado do parlamentar.

EM sua delação, ele disse ter sido informado pelo ex-diretor da pasta, Maurício Fanini de que o ex-chefe da Superintendência Educacional, Jaime Sunye, 'tinha um esquema referente à merenda escolar'.

De acordo com o empreiteiro, os dois teriam uma disputa interna dentro da pasta.

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"O Fanini me contou que, após ser nomeado presidente da Fundepar, decidiu tomar a sala que era usada pelo Jaime Sunye, e ofereceu para ele um cargo de menor expressão no serviço social autônomo paraná educação. O Sunye não gostou, pois ainda permanecia com o cargo de superintendente da Sude até que a Fundepar fosse efetivamente instalada. então ele (Sunye) começou a trabalhar para que essa instalação demorasse a acontecer, ao mesmo tempo em que tentava reverter a nomeação do Fanini, para que assumisse a autarquia em seu lugar", contou.

O empreiteiro afirma, em delação, ter conversado 'umas três ou quatro vezes com o deputado Ricardo barros' e contado 'sobre o problema que estava tendo entre o Mauricio Fanini e o Jaime Sunye, sobre quem assumiria a Fundepar'.

"Pedi que ele [Barros] fosse conversar com o então secretário chefe da Casa Civil Eduardo Sciarra para tentar ajudar. Depois ele me contou que teve a conversa e que "os caras" queriam nomear o Sunye para a presidência da Fundepar. em seguida, fomos falar com o Fanini na Sude, ocasião em que o deputado Ricardo barros sugeriu a ele que abrisse mão da parte da merenda e ficasse apenas com as obras de engenharia da Fundepar.", relatou.

COM A PALAVRA, O MINISTÉRIO DA SAÚDE

Pelas informações, trata-se de delação no âmbito da operação Quadro Negro.

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Deve ser destacado que os fatos citados nada têm a ver com esta operação, pois Juliano trabalhou por três meses na Valor, empresa do pretenso delator, em período posterior às irregularidades citadas e anterior ao seu conhecimento público.

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A operação Quadro Negro já virou inquérito e ação na Justiça há mais de um ano. Todos os envolvidos já foram ouvidos e não houve qualquer citação ao ministro.

Quanto à insinuação de "troca de cargo" envolvendo a servidora Marilaine Firmino, a suposta acusação não procede, pois ela é funcionária de carreira do Estado e nunca trabalhou na Secretaria do Meio Ambiente.

Antes do episódio, ela ocupava cargo na secretaria de Educação, foi nomeada em FG (Função Gratificada) da vice governadoria, mas trabalhou efetivamente na Casa Civil. Depois, em abril, foi para a Secretaria de Administração, em março de 2017 alocada na Secretaria de Desenvolvimento Urbano como ouvidora, e em julho de 2017 voltou para a Secretaria de Administração.

A menção à colaboração voluntária da empresa no período de campanha é no estrito cumprimento da legislação eleitoral à época.

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O ministro já solicitou ao ministro do STF, Luiz Fux, a abertura de sindicância para identificar os autores do vazamento, conforme preconiza a lei. O vazamento prejudica os citados, na medida em que nem ele nem seus advogados têm conhecimento sobre o conteúdo efetivo da delação, e se ela de fato existe.

O ministro também solicitará, se ou quando, notificado a separação deste suposto fato envolvendo R$ 45 mil do conjunto da Operação Quadro Negro, pois não há efetivamente nenhuma conexão entre os fatos que, segundo o que se sabe da narrativa do delator ocorreram em períodos distintos.

Juliano, no ano passado, já fez sua declaração no processo judicial reafirmando sua condição de contratado pela empresa Valor onde recebia salário.

O ministro esta à inteira disposição para esclarecimentos quando tiver acesso ao inteiro teor da suposta delação, reafirmando sua lisura no exercício da função pública."

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