Patrícia Santos*
11 de outubro de 2020 | 03h00
Patrícia Santos. FOTO: DAYSE PAIXÃO
A pandemia acabou afetando todas as áreas da nossa vida. Além da tensão em nos mantermos seguros, proteger nossos entes queridos, reduzir a disseminação da covid-19 e manter a saúde financeira, também se tornou importante darmos atenção às respostas emocionais da pandemia. Lidar com o medo, enfrentando o aumento dos níveis de ansiedade e estresse, que impactam na saúde física e mental, é um desafio, já que essa emoção forte pode suprimir a função imunológica. O medo nada mais é do que uma resposta natural a tudo aquilo que não entendemos e que ameaça nossa segurança e saúde.
O medo influencia nosso comportamento e, quando saudável, serve para nos proteger. Mas, se nocivo, paralisa nossas ações e prejudica a tomada de decisão, acabando por nos fazer escolher soluções de curto prazo com consequências de longo prazo, já que não ativamos o pré-frontal, e deixamos de pensar de maneira racional e tranquila.
Muitas vezes, acabamos contaminados emocionalmente pelo medo dos outros. Ver outras pessoas em pânico incentiva a fazer o mesmo e, como somos seres sociais, entramos em conformidade, em um estado de comoção social. Não falar sobre o problema, não querer ter informações atualizadas a respeito, não reduz o medo. Pode, inclusive, fazê-lo aparecer muito mais forte depois.
Do mesmo modo, minimizar e desprezar o problema também não resolve. Muitas pessoas que passam por algum tipo de sofrimento tentam escapar de suas emoções desagradáveis, negando o que está acontecendo, se convencendo de que não existe risco e deixando de tomar precauções. Tais atitudes podem prejudicar não só a si mesmo, mas também todo seu circulo de convivência.
A boa noticia é que existem algumas estratégias que reduzem o estresse e a ansiedade, de forma a minimizar os impactos do medo, e que funcionam de forma rápida e eficiente, ajudando a regular suas emoções, são elas:
As interpretações aos eventos sobrecarregam a intensidade de nossas emoções.Faça perguntas questionando seus pensamentos, levante os fatos, aprenda a ver com mais clareza, sem interpretação ou julgamento, não tire conclusões precipitadas. Pare um momento para observar: o que estou pensando?; este pensamento está relacionado a preocupações futuras ou a um problema do passado?; estão trazendo paz e solução?; são úteis?
Por fim, uma vez que você tenha seu próprio medo sob controle, pode ser útil apoiar outras pessoas queridas, se esses estiverem ansiosos. Reconheça a emoção, não tente animar com um “já já passa”, “anime-se”. Não vai funcionar. Faça perguntas para ativar a consciência, e use algumas das técnicas citadas, aquela que fizer mais sentido para a pessoa. Ao praticar o gerenciamento de suas emoções, você experimentará uma sensação única de liberdade e equilíbrio.
*Patrícia Santos, palestrante, escritora e especialista em Gerenciamento da Raiva
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