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5G para o bem e para o mal

Por Paulo Mannheimer
Atualização:
Paulo Mannheimer. FOTO: REINALDO SMOLEANSCHI Foto: Estadão

A chegada do 5G tornará ainda mais rápida e eficiente a comunicação entre as pessoas e as empresas. Para os negócios, os novos sistemas corporativos de comunicação unificada (UC - Unified Communications) poderão conectar e unificar as tecnologias e, somados à alta conectividade entre os dispositivos, permitirá realizar as tarefas de forma rápida e sem margem para erros que costumam ocorrer com o sistema atual. Novos produtos de comunicação corporativa surgirão.

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Hoje, o 4G é uma tecnologia madura e quase universalmente disponível, porém sofre de algumas limitações sérias. Em primeiro lugar, sua velocidade começa a engasgar quando usamos (e como usamos!) streaming de vídeo. Em segundo lugar, a latência (tempo que demora para troca de mensagens entre o seu telefone e a rede) pode ser muito grande, inviabilizando certas aplicações que precisam ser rápidas, como um carro autônomo receber uma notificação em tempo real de uma intenção do carro ao lado e reagir de acordo.

Por fim, cada dispositivo na internet precisa de um endereço IP, o que está se esgotando no 4G, inviabilizando o que chamamos de "Internet das Coisas" (IoT) - um mundo cheio de dispositivos digitais (câmeras, sensores, robôs, carros autônomos) coletando e processando dados. O 5G promete resolver todas essas questões. A velocidade da rede 5G se propõe a ser muito superior à atual, com "streaming" quase imediato para o celular. Contudo, esse aumento de velocidade vem às custas de uma quantidade enorme de antenas espalhadas pelas cidades.

Geralmente, com o surgimento de uma nova tecnologia, temos a tendência de tentar justificá-la olhando para as demandas que já existem, o que é uma abordagem limitada e restritiva. Logo, é preciso olhar com um viés de futuro, tentando imaginar o que poderá ser feito que ainda não existe. E é justamente neste exercício que talvez exista a real revolução do 5G. Nada melhor do que alguns exemplos concretos para ilustrar.

Acelerado pelo período pandêmico e pela mudança quase que forçada do trabalho para home office, abriu-se espaço para a criação de um novo universo de ferramentas de trabalho colaborativo remoto envolvendo áudio, vídeo, documentos e pessoas, todos juntos em um ambiente de realidade virtual, pois ninguém aguenta mais caixinhas de vídeo no Zoom. O 5G pode viabilizar isso se tiver abrangência geográfica melhor do que temos hoje com o 4G.

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Esse novo ambiente de realidade virtual e aumentada viabilizará também um descasamento entre onde o prestador de serviço está e onde serviço está sendo prestado. Já vivenciamos isso de forma incipiente com a pandemia, mas as possibilidades são muito maiores, tais como assistência técnica virtual (imagine um mecânico dando orientações em um ambiente de realidade virtual para o cliente diagnosticar o próprio carro), telemedicina massificada e veículos não tripulados terrestres e aéreos ziguezagueando pelas cidades conduzidos por motoristas e pilotos em qualquer lugar do mundo - já existem discussões em alguns países sobre onde o imposto de prestação dos serviços deverá ser recolhido.

Diante disso, os milhares de dispositivos de "Internet das Coisas" estarão espalhados pelas cidades e casas coletando dados e ajudando a prever e diagnosticar problemas e oportunidades. Assim como os cenários possíveis são vastos, mais ainda são as ameaças cibernéticas e de privacidade que um mundo tão conectado oferece. Tivemos recentemente um vazamento de imagens de 150 mil câmeras de segurança de presídios, hospitais e shopping centers, por exemplo.

Como toda novidade, muito provavelmente teremos benefícios e problemas. Novas oportunidades serão criadas, muitas que sequer conseguimos formular. Vidas e pessoas serão impactadas para o bem e para o mal . Assim caminha a humanidade a cada inovação tecnológica, com oportunidades e sofrimento. O futuro, com 5G, não será nem o Nirvana dos Jetsons nem o apocalipse de "O Exterminador do Futuro". "Blade Runner" continua sendo minha maior aposta.

*Paulo Mannheimer é fundador e CEO da Instant Solutions

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