Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

5 dicas para combater a corrupção pelo voto

PUBLICIDADE

Por Jefferson Kiyohara
Atualização:
Jefferson Kiyohara. Foto: Divulgação

Novas eleições chegando e discussões antigas voltam a receber a atenção e as manchetes da mídia. Surgem promessas de melhorias e inovação, soluções para acabar com velhos problemas e propostas para melhorar a vida da população. E como troca, o seu voto, dentro do processo democrático. Hora de renovar as esperanças, certo?

PUBLICIDADE

Queremos saúde, moradia, escolas melhores, saneamento básico, segurança e infraestrutura urbana, entre outros. Mas de onde virá o dinheiro necessário para os investimentos? Este cenário se agrava com a atual retração econômica e a perda de arrecadação dos municípios. E a resposta é simples: não existe mágica. Os recursos das prefeituras são limitados e insuficientes para resolver todos os problemas das cidades. Por isso, uma dica importante é cobrar de seus candidatos que demonstrem de onde virão os recursos para tornar reais as ideias e propostas, ou seja, que expliquem como irão viabilizá-las. Não aceite promessas que não podem ser cumpridas.

Independentemente do seu partido ou pauta de preferência, é inegável que há uma temática de interesse universal da população: o combate à corrupção. E se não é, deveria ser. Se os recursos faltam é porque, muitas vezes, são perdidos e desperdiçados em fraudes, crimes e má gestão.

A corrupção existe historicamente no Brasil. Não tem lado, não tem partido e é um mal ainda presente que precisa ser combatido constantemente para permitir que existam recursos a serem utilizados nas áreas de real interesse da sociedade, tais como uma casa, uma escola nova, um tratamento médico, uma refeição saudável, um parque para atividades físicas e uma rua asfaltada. E como identificar um candidato ou político que, de fato, tenha interesse em combater a corrupção? Para ajudar nesta análise, compartilho cinco dicas para nortear uma escolha sensata.

1. Valoriza a transparência: isso significa prestar contas e dar visibilidade do que se faz de forma clara e acessível. O candidato deve ter a tranquilidade de mostrar como ganha dinheiro e como juntou o seu patrimônio. Além disso, ele deve reconhecer o valor da imprensa séria e livre, promovê-la e estar disponível para falar com ela, inclusive aquela que lhe critica, e esclarecer pontos de dúvidas que possam surgir sobre a sua opinião, carreira e trabalho. É também a favor de fato das matérias investigativas, que apuram o real uso das verbas públicas.

Publicidade

2. Incentiva a apuração de investigações: neste ponto, o candidato enxerga a Polícia e o Ministério Público como aliados, e não como ameaças, e investe e capacita estas estruturas e similares para combater os crimes financeiros. Além disso, trabalha, quando de sua alçada, para que as leis sejam aprimoradas para que os criminosos sejam presos, condenados, cumpram as penas e o dinheiro roubado seja devolvido para os cofres públicos. Demonstra interesse legítimo no combate à lavagem de dinheiro e na digitalização e nos controles efetivos no sistema financeiro.

3. Dá valor e fortalece os órgãos de combate à corrupção: a Controladoria Geral, o Tribunal de Contas e os instrumentos de monitoramento e detecção, como o canal de denúncias e a análise de dados com foco em prevenção de fraudes em licitações e compras públicas demonstram, de forma genuína, o interesse em identificar irregularidades, trazê-las à tona e impedir que aconteçam ou continuem. Incentiva controles e auditoria nas compras sem licitações. Analise o candidato e veja se ele é a favor dos controles e demonstra, na prática, o cuidado com os recursos públicos e incentiva que as empresas tenham programas de compliance, principalmente aquelas que licitam com o governo.

4. É coerente no que fala e na forma que age: aqui é praticar o que se prega. O candidato usa com parcimônia e consciência as verbas públicas disponibilizadas e compartilha os sacrifícios que pede com o público. Tem interesse que os próprios partidos tenham programas de compliance, não aceita a corrupção e o ilícito, independentemente de sua forma, do partido político ou do nome envolvido, e não abusa da confiança que lhes foi dada.

5. É a favor da integridade na administração pública e privada: interage com a sociedade civil e busca conhecimento com organizações com tradição no combate à corrupção, como o Instituto Ethos, a Transparência Internacional, a Câmara de Comércio Internacional, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entre outros, e valoriza os profissionais de compliance. Acredita que a educação é o caminho para a prosperidade coletiva, maior consciência, menor aceitação da corrupção e uma sociedade mais justa.

Fazer o combate à corrupção é bem mais difícil do que falar a respeito. Por isso, todo o suporte e apoio nesta causa são bem-vindos. Torço para que, cada vez mais, este perfil se faça presente e as verbas para educação, saúde, moradia, mobilidade, sustentabilidade e segurança, entre outras necessidades, sejam utilizadas exatamente para estes fins. Faça bom uso do seu poder de voto e tenha uma ótima eleição!

Publicidade

*Jefferson Kiyohara é diretor de compliance na ICTS Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados, além de única consultoria reconhecida como Empresa Pró-Ética por quatro anos consecutivos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.