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2º maior fornecedor de campanha de Dilma diz que pagamento de acusada de corrupção foi por dívida do PT

Carlos Cortegoso, dono da Focal e da CRLS, que produz material de campanha e monta palanques para o partido, afirmou para a PF que recebeu R$ 300 mil da Consist Softwate, acusada pelo desviou mais de R$ 100 milhões em esquema no Ministério do Planejamento, sem prestar serviços

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Foto do author Julia Affonso
Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

O empresário Carlos Roberto Cortegoso, dono da Focal Confecções e Comunicação Visual - segunda maior fornecedora da reeleição da presidente afastada Dilma Rousseff, em 2014 -, afirmou à Polícia Federal que os R$ 300 mil que recebeu de empresa acusada de corrupção na Operação Custo Brasil foi indicação do PT para recebimento de dívida de campanha.

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"Recebeu valores da empresa Consist. Os valores recebidos foram em torno de R$ 300 mil. Não foi prestado nenhum serviço para a Consist", registrou a Polícia Federal, no depoimento prestado por Cortegoso, no dia 21 de julho. "O declarante explica que isso aconteceu devido a créditos que o declarante e/ou sua empresa tinha junto ao PT por serviços realizados e não pagos no passado."

Cortegoso foi alvo de condução coercitiva na Operação Custo Brasil, que teve como alvo central a Consist Software, empresa acusada de repassar R$ 100 milhões em propinas entre 2010 e 2015 para o PT e agentes públicos, entre eles o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento e Comunicações) e a sua mulher, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).

Desdobramento da Operação Lava Jato, a Custo Brasil apontou pagamento da Consist para a CRLS Consultoria e Eventos, outra empresa de Cortegoso. Em delação premiada, o ex-vereador do PT Alexandre Romano confessou que foi responsável pela indicação de repasse da Consist para a firma do "garçom de Lula" em 2010.

PT. Em depoimento prestado na Polícia Federal, em São Paulo, Cortegoso - que é conhecido como o "garçom do Lula" - disse que presta serviços para o PT desde 1989, quando o partido disputou a eleição presidencial com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o presidente eleito Fernando Collor de Mello.

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Cortegoso contou que trabalha para o PT "há muitos anos desde 1989, desde a campanha do Collor". Que em 2010 tinha de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões para receber do partido e tinha "interesse em continuar a prestar serviços" e receber a dívida.

"Esse pagamento de cerca de R$ 300 mil foi um abatimento de parte dessa dívida", conta o dono da Focal.

Ele apontou o nome do ex-ministro Luiz Gushiken (morto em 2013) como a pessoa que indicou o esquema e relacionou os valores à uma dívida da campanha de 208 na prefeitura de Mauá. Na disputa, o eleito foi o prefeito, que foi cassado.

"Conversando com o sr. Luiz Gushiken sobre a dívida do partido em relação a Mauá, ele (Gushiken) ficou de buscar uma solução se não total, ao menos parcial", afirmou Cortegoso. Posteriormente, Gushiken me passou o telefone do Sr. Alexandre Romano e que eu já conhecia de vista, mas não tinha relação. Gusshiken me disse que Romano me pagaria."

 

Romano fechou acordo de delação premiada e confessou que operou propinas para o PT e políticos do partido no contrato da Consist, sobre empréstimos consignados de servidores federais, feito via Ministério do Planejamento.

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Cortegoso é proprietário da CRLS e da Focal Confecções e Comunicação Visual, que recebeu R$ 25 milhões na última campanha de Dilma e ficou atrás apenas do publicitário João Santana (R$ 70 milhões), preso preventivamente, em Curitiba, na Lava Jato. Ambas ficam em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

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No fim dos anos 1990, Cortegoso montou uma empresa de produção de camisetas e material de campanha. Com a chegada do PT ao Palácio do Planalto, em 2003, o negócio cresceu rapidamente e ele virou o principal fornecedor do partido. Desde a disputa de reeleição de Lula, em 2006, ele virou o principal fornecedor de estruturas de palanques e materiais de campanha, como faixas, placas e banners. O empresário é conhecido como "garçom de Lula" por ter trabalhado em restaurante onde sindicalistas petistas se encontravam.

"A referida empresa é uma produtora, que fazia eventos para o PT, e que tinha créditos com o PT. Cortegoso teve evolução patrimonial bastante rápida, tendo sido garçom e atualmente teria até mesmo avião em seu nome", afirmou a Procuradoria da República.

Além de envolver Gushiken, que está morto, Cortegoso vinculou os R$ 300 mil recebidos da Consist, sem prestação de serviços, a dívida da campanha a prefeito de Márcio Chaves, em Mauá, que foi cassada.

 Foto: Estadão

Cortegoso negou ainda ter sido garçom de Lula. Ele disse que foi garçom em São Bernardo, mas nunca trabalhou no restaurante São Judas, da família Demarchi, amigos do ex-presidente. Ele explicou que acabou entrando para a família após se casar com a filha de Demarchi.

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COM A PALAVRA, A ASSESSORIA DO PT:

"Todas as operações financeiras do Partido dos Trabalhadores foram realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral."

LEIA O DEPOIMENTO DE CARLOS CORTEGOSO NA CUSTO BRASIL

 
 
 
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