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2ª Turma do Supremo pede que PGR investigue ataques a Rosa

Ministros querem apuração sobre imagem que circula nas redes em que um homem identificado como coronel do Exército e apoiador de Bolsonaro dispara ofensas a integrantes da Corte, inclusive contra ministra presidente do Tribunal Superior Eleitoral

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Por Rafael Moraes Moura e Amanda Pupo/ BRASÍLIA
Atualização:

A presidente do TSE, Rosa Weber. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta terça-feira (23) pedir à Procuradoria-Geral da República (PGR) que investigue um vídeo que circula nas redes sociais em que um homem identificado como coronel do Exército e apoiador de Jair Bolsonaro (PSL) dispara uma série de ofensas a integrantes da Corte. No vídeo, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, é chamada de "salafrária", "corrupta" e "incompetente".

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"Olha aqui, Rosa Weber, primeiro que eu falo eu não tenho medo de você, nem de ninguém: não te atreve a ousar aceitar essa afronta contra o povo brasileiro, essa prova indecente do PT de querer tirar Bolsonaro do pleito eleitoral, acusando-o de desonestidade, de ser cúmplice numa campanha criminosa fraudulenta com o WhatsApp para promover notícias falsas", avisa o autor do vídeo, em relação a uma ação que tramita no TSE para investigar o suposto disparo em massa de mensagens contra o PT.

"(Dirigindo-se à ministra Rosa Weber) Se você aceitar essa denúncia ridícula e tentar tirar Bolsonaro, nós vamos derrubar vocês aí, sim, porque aí acabou", ameaçou o autor do vídeo, que chamou o STF de tribunal de "canalhas" e "vagabundos", e afirmou não aceitar um resultado que não seja a vitória do candidato do PSL.

Na abertura da sessão da 2ª Turma, o decano da Corte, ministro Celso de Mello, considerou o discurso do vídeo "repugnante". "Exteriorizou-se esse discurso imundo e sórdido mediante linguagem insultuosa, desqualificada por palavras superlativamente grosseiras e boçais, próprias de quem possui reduzidíssimo e tosco universo vocabular, indignas de quem diz ser Oficial das Forças Armadas", disse Celso de Mello.

"O primarismo vociferante desse ofensor da honra alheia faz-me lembrar daqueles personagens patéticos que, privados da capacidade de pensar com inteligência, optam por manifestar ódio visceral e demonstrar intolerância radical contra os que consideram seus inimigos, expressando, na anomalia dessa conduta, a incapacidade de conviver em harmonia e com respeito pela alteridade no seio de uma sociedade fundada em bases democráticas", completou Celso de Mello.

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Para Celso de Mello, os injustos e criminosos ataques representam um "ultraje inaceitável" ao STF, à ordem democrática e ao Poder Judiciário do Brasil.

"E estendo a minha solidariedade pessoal a Vossa Excelência, ao eminente ministro Dias Toffoli e ao eminente ministro Luiz Edson Fachin, que são dignos profissionais, grandes magistrados, pessoas de ilibada reputação, que poderiam jamais sofrer os ataques sórdidos a que foram expostos nesse vídeo", disse o decano do STF.

Após a fala de Celso, a ministra Cármen Lúcia reforçou a defesa dos colegas. "Como afirma o ministro Celso de Mello, tudo que atinge um de nós, atinge todo o tribunal como instituição, que se preserva pela atuação ética, correta e séria de cada juiz desta Casa", afirmou Cármen.

"A agressão a um juiz é agressão a toda a magistratura", concordou o relator da Operação Lava Jato, ministro Edson Fachin.

Durante a sessão, o ministro Gilmar Mendes disse que o País passa por "momentos muito delicados" e "é preciso que haja a devida serenidade". "Nós todos que passamos ou estamos no TSE temos vivido e visto a paixão que envolve essa questão das urnas eletrônicas. Se quer criar ambiente de terror, de suspeita, se o resultado não atender a dadas expectativas", comentou o ministro.

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Depois das falas dos colegas, o presidente da 2ª Turma, ministro Ricardo Lewandowski, frisou que não "podemos ficar apenas nas palavras" e, com o apoio dos demais integrantes, decidiu solicitar que a PGR apure o episódio.

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Até a publicação deste texto, o Broadcast Político não havia obtido posicionamentos da PGR, do TSE e do Exército sobre o vídeo.

O ministro Celso de Mello, decano do Supremo, reagiu enfaticamente ao vídeo que circula nas redes sociais com ataques à sua colega, a ministra Rosa Weber. "Vídeo imundo e abjeto", disse o ministro.

"Circulou, na Internet, um vídeo com criminosas ofensas morais à honra, à dignidade, à alta respeitabilidade e à integridade pessoal e ilibada reputação da eminente Ministra Rosa Weber, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, juíza deste Supremo Tribunal Federal e magistrada de irrepreensível conduta profissional!", disse Celso de Mello.

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