Voltou a circular no Facebook um vídeo de 2018 em que o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), é surpreendido pelo então candidato a deputado estadual Bernardo Bartolomeo Moreira (NOVO), mais conhecido como Bartô. Na gravação, o parlamentar mineiro questiona o gestor municipal em um restaurante no bairro Lourdes, em Belo Horizonte, sobre a utilização de dinheiro público para o custeio de uma viagem da Prefeitura a Brasília. A publicação viralizou fora de contexto nas redes sociais com legendas que afirmam se tratar de um acontecimento recente.
O vídeo, feito em julho de 2018, foi compartilhado recentemente com a legenda falsa pelo deputado federal Osmar Terra (MDB), que já ocupou o cargo de ministro da Cidadania do governo Bolsonaro. O parlamentar republicou um tuíte que afirmava que Kalil tinha ido almoçar em uma restaurante em Nova Lima, cidade vizinha de Belo Horizonte, apesar de ter decretado o fechamento do comércio da capital mineira por conta da covid-19.
O parlamentar excluiu a postagem fora de contexto após a repercussão negativa -- a o jornal O Tempo e o portal Hoje Em Dia também desmentiram a publicação duvidosa.
Procurada pelo Estadão Verifica, a Prefeitura da capital mineira informou que a viagem questionada pelo deputado estadual Bartô no vídeo foi feita pelo procurador-geral de Belo Horizonte, Thomáz de Aquino. Ele substituiu Alexandre Kalil em uma reunião com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 3 de maio de 2018. O prefeito não foi a Brasília porque teve um problema de saúde de última hora. Na época, o caso ganhou repercussão pelo alto investimento na passagem -- R$ 63 mil.
A Prefeitura de BH afirmou que a viagem foi "concedida de última hora e, por isso, foi necessário fretar uma aeronave". Segundo o governo municipal, a reunião tinha o objetivo de tratar de verbas não repassadas pelo governo estadual. "Três dias após a viagem, o município recebeu R$ 180 milhões desses recursos que estavam atrasados", comunicou a Prefeitura em nota.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.