Vídeo de crianças 'fingindo' ter merenda foi feito na Colômbia, e não na Venezuela

Gravação que mostra estudantes sendo obrigados a tirar fotos com um mesmo prato de comida é de 2016 e não tem relação com governo de Maduro

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Por Alessandra Monnerat e Caio Sartori
Atualização:

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, é pressionado por países vizinhos e pelo restante da comunidade internacional para convocar novas eleições ou renunciar ao cargo Foto: AP Photo/Rodrigo Abd

Um vídeo em que crianças fazem fila para tirar foto com um mesmo prato de comida viralizou no WhatsApp ao longo do último fim de semana. Porém, diferentemente do que dizem as mensagens compartilhadas no aplicativo, a gravação foi feita na Colômbia, e não na Venezuela. A filmagem também não é recente: foi revelada no início de 2016.

No vídeo, estudantes uniformizados são fotografados com um mesmo prato de merenda, um após o outro, por uma mulher de vermelho. Em seguida, uma segunda mulher dá um punhado de comida para as crianças com as mãos. No WhatsApp, as mensagens afirmam que a manobra foi feita para mascarar a situação das escolas públicas do governo de Nicolás Maduro, na Venezuela -- o que não é verdade.

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A gravação é da escola Sagrado Corazón, na cidade de Aguachica, departamento de Cesar, na Colômbia. De acordo com a revista colombiana 'Semana', a denúncia foi feita pela professora Claribel Rodríguez, que publicou o vídeo nas redes sociais em janeiro de 2016.

Ela se indignou porque funcionários da Fundación Provenir, empresa responsável pela merenda escolar, estava fotografando os estudantes para mostrar que cumpria o contrato de fornecimento de refeições. "A injustiça que é cometida com as crianças", escreveu a professora na época. "No final só lhes dão uma massa com três tiras de frango em suas mãos e sem os padrões mínimos de higiene".

A denúncia desencadeou uma polêmica na Colômbia e foram descobertas outras irregularidades em programas de alimentação infantil, segundo reportou o jornal 'El País'. O prefeito de Aguachica, Henry Montes, sabia das falhas no cumprimento do contrato da Provenir e foi preso em abril de 2016.

Para encontrar o vídeo original, basta usar uma ferramenta que já apresentamos em outras checagens: a busca reversa de imagem. Usando uma imagem congelada da gravação, é possível encontrar em quais sites ela foi publicada originalmente. Veja como usar.

Esta checagem foi feita a partir de um vídeo enviado por leitores ao WhatsApp do Estadão Verifica. Entre em contato pelo número (11) 99263-7900.

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