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Uniforme perfurado por balas é falsamente atribuído à menina Ágatha

Foto retrata, na verdade, uma intervenção artística feita por aluno da rede estadual do Rio de Janeiro sobre violência policial e não tem relação direta com a criança

Por Paulo Roberto Netto
Atualização:

Circula nas redes sociais a imagem de um uniforme perfurado por balas falsamente atribuído à menina Ágatha Félix. Publicações afirmam que a roupa é a que a criança usava quando foi morta na noite da sexta-feira, 20, no Rio de Janeiro, mas a camisa é, na verdade, uma intervenção artística feita por um aluno da rede estadual carioca.

Cruz em nome de Ágatha Félix, de oito anos, morta por um tiro de fuzil no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Foto: Sergio Moraes / Reuters

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Por meio de busca reversa por imagens, o Estadão Verifica localizou a foto original publicada no

">perfil de Arthur Vaz Brandão, estudante da rede estadual do Rio de Janeiro. Por mensagem, ele confirmou a autoria da peça e da foto, exibindo inclusive o próprio modelo para a reportagem.

Segundo Brandão, o uniforme perfurado por balas foi apresentado na feira literária da escola onde estuda, evento que ocorreu das 9h às 16h do dia 20 -- Ágatha morreu na mesma data, mas à noite, conforme reportagens publicadas pela imprensa sobre o caso.

"Quis fazer uma crítica ao mau treinamento e preparo da PM do RJ, não fiz o trabalho pensando em nenhum caso isolado, mas sim no que vem acontecendo com frequência nas periferias do RJ", afirmou Brandão.

Há outros indícios que denunciam a impossibilidade de a camisa perfurado por balas pertencer a Ágatha. Em primeiro lugar, é possível ver que se trata de um uniforme da rede estadual do Rio, que só atende o ensino médio. Com oito anos de idade, a menina ainda estava no ensino fundamental quando foi morta. Além disso, laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que ela tinha apenas uma perfuração nas costas -- o uniforme da foto tem várias marcas de balas.

Ágatha foi morta por um tiro de fuzil no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, no dia 20. A criança chegou a ser socorrida ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, no bairro da Penha, mas não resistiu aos ferimentos.

Este boato foi selecionado para verificação por meio da parceria entre o Estadão Verifica e o Facebook. O AFP Checamos também desmentiu este conteúdo.

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