Não beba de fontes suspeitas: boato sobre água para curar doenças não tem nada de sólido

Publicação sugere método milagroso para tratamento de pressão alta, tuberculose e até câncer

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Por Marina Cardoso
Atualização:

Uma receita milagrosa para curar o câncer voltou a circular em vários perfis do Facebook desde o início de novembro. Uma das publicações -- que dissemina erroneamente que beber água com o estômago vazio promove a cura de câncer, pressão alta, gastrite, tuberculose, diabetes e outras doenças -- já contava com mais de 1.200 curtidas e centenas de comentários de usuários dispostos a seguir o suposto tratamento.

Mas o boato é falso e não é recente. Em julho deste ano, o Ministério da Saúde já havia afirmado que o texto não deve ser levado a sério. Segundo o ministério, o texto enganoso circula na internet pelo menos desde 2004, e já foi desmentido inúmeras vezes por portais de checagem.

Tomar água em jejum não cura câncer. Foto: congerdesign/Pixabay

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O ministério alerta que não existe nenhum alimento milagroso para prevenção ou cura do câncer. "O que previne o câncer é praticar uma alimentação saudável, manter o peso corporal adequado e praticar atividade física", afirma o site oficial. "Uma alimentação saudável e protetora de câncer é composta por alimentos in natura, alimentos minimamente processados e preparações culinárias feitas com esses alimentos."

A nutricionista Daniela Cierro, vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição, reforça que não existe uma prática milagrosa que cure tantas doenças. Quanto ao consumo de água em jejum, a especialista afirma que pode ser uma prática adotada de manhã e ao longo do dia, mas sem a promessa de cura, e sim de mais uma atitude dentre várias para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis e de alguns dos sintomas citados no boato.

Segundo a nutricionista, o consumo recomendado diário de água é de 35 a 40 ml de água por quilo de peso, ou seja, uma pessoa de 70 kg deve tomar cerca de 2,5 litros todos os dias.

Daniela lembra ainda que o tratamento das doenças e sintomas citados no texto deve ser acompanhado por um médico. O tratamento medicamentoso é fundamental e indispensável, caso seja orientado pelo profissional.

A publicação do falso tratamento apresenta ainda diversos recursos característicos de textos virais com informações erradas. Um deles é o alerta de um especialista sem identificação para o compartilhamento em massa do conteúdo. Também não há nenhum embasamento científico relevante e comprovado.

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A nutricionista Gabriela Medeiros alerta que informações falsas como as difundidas no boato podem afetar a saúde da população. "O impacto é muito ruim de forma geral, pois muitas pessoas podem se apegar a essas notícias, esquecendo de outros cuidados e recursos essenciais para o controle de problemas de saúde", afirmou.

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