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Texto distorce notícia sobre 'pente-fino' em aviões da Funai

Aeronaves estão em aeroportos em Brasília, Goiânia, Rio de Janeiro e Itaituba, no Pará; desinformação também aponta valores sem comprovação sobre aluguel

Por Paulo Roberto Netto
Atualização:

Integrantes de comunidades indígenas, pesqueiras, e quilombolas durante manifestação no Palácio do Planalto, em 2016. Foto: Dida Sampaio / Estadão

Um post no Facebook que atingiu mais de 10 mil compartilhamentos afirma falsamente que aviões da Fundação Nacional do Índio (Funai) passaram os últimos dez anos em um "hangar fantasma", e cita supostos pagamentos de alugueis cujo valor não foi confirmado pela instituição.

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O texto falso acusa o PT de ter "enterrado" dez aviões da Funai em um "hangar fantasma que rendeu 7 milhões de reais em dez anos". O texto diz ainda que a fundação pagaria R$ 700 mil por ano para guardar as aeronaves, que foram alvo de roubos e furtos.

Na realidade, um  "pente-fino" da Funai identificou nove aeronaves sucateadas que deveriam garantir atendimento médico para a população indígena de todo o País, e não dez. Sete delas estão em nome da própria fundação e uma oitava sob a propriedade do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Todas estavam localizadas em hangares conhecidos, conforme informado pela Funai ao Estadão Verifica. Confira abaixo:

 

Em nota, a fundação afirmou que "como fica evidente na indicação das localizações, não se trata de hangares fantasmas".

O nono avião estava sob tutela da Funai como fiel depositária até a realização do leilão do mesmo pela Justiça, mas a fundação não tinha a sua posse.

Aluguel. Diferentemente do que diz o boato, ainda não é possível afirmar que o valor dos aluguéis cobrados pelos aeroportos chega a R$ 7 milhões nos últimos dez anos. Segundo apontou a reportagem do Estado sobre o caso, somente a dívida com o estacionamento das aeronaves no aeroporto de Brasília chega a R$ 3 milhões.

Em nota enviada ao Estadão Verifica, a Funai afirma que está realização a apuração dos débitos. "Por ora, somente o hangar de propriedade privada localizado em Goiânia encaminhou cobrança no valor de R$ 635.518,00, cujo mérito está em discussão", afirma a fundação. "Faz-se necessário notar, ainda, que as outras localidades são aeroportos públicos. (...) A Funai está em processo de apuração de possíveis débitos relacionados".

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A instituição ressaltou que "a maioria dos processos pertinentes às aeronaves são em papel e estavam arquivados, o que vem implicando em exaustivo trabalho de pesquisa quanto ao histórico do passivo (dívida)".

Roubos. A situação precária de algumas aeronaves realmente é verdadeira, conforme relatório obtido pela reportagem do Estado. No Rio de Janeiro, a equipe de vistoria afirmou que no interior do avião "não se encontrou mais nada além de um amontoado de restos de forro e de poltrona em decomposição".

Em nota, a Funai afirma que relatório elaborado pela Comissão de Sindicância afirma que o Ministério Público Federal arquivou o inquérito nº 1435/97 instaurado para apurar furto de turbinas da aeronaves modelo E-110 Bandeirantes, ocorrido no ano de 1996, na cidade do Rio de Janeiro. O inquérito foi arquivado por prescrição.

Este boato foi selecionado para checagem por meio da parceria entre o Facebook e o Estadão Verifica.  Para sugerir verificações, envie uma mensagem por WhatsApp ao número (11) 99263-7900.

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