Posts exageram dimensão de obra do Exército na BR-320 na Paraíba

1º Batalhão de Engenharia de Construção faz obra de adequação e segurança em 8 km entre Cabedelo e João Pessoa

PUBLICIDADE

Por Pedro Prata
Atualização:

Postagens nas redes sociais exageram a dimensão de uma obra realizada pelo Exército brasileiro na BR-320, a Transamazônica, no Estado da Paraíba. Uma dessas publicações diz que o Batalhão de Engenharia do Exército "asfaltou totalmente" a rodovia federal, que liga o litoral da Paraíba ao Amazonas, porém o Exército realizou a obra em apenas 8 km dela. Este post foi compartilhada ao menos 113,8 mil vezes no Facebook.

Por meio de nota, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou ao Estadão Verifica que a melhoria na rodovia foi uma "Obra de Adequação de Capacidade da BR-230, do km 2 ao km 10". Portanto, a obra ocorreu em apenas 8 km da via.

Exército faz obra em 8 km da BR-320 na Paraíba. Foto: Reprodução

PUBLICIDADE

O trabalho é realizado pelo 1º Batalhão de Engenharia de Construção, sediado em Caicó (RN), e tem previsão de término em 2022. O Exército confirmou estar trabalhando na obra da BR-230, mas desmentiu que seria no trecho ligando João Pessoa a Campina Grande, na Paraíba. Na verdade, trata-se de trecho entre Cabedelo e João Pessoa.

A postagem viral é acompanhada por uma foto do suposto trecho asfaltado. No entanto, o Dnit negou que a rodovia retratada na imagem é a mesma onde o Exército atua. Para confirmar essa informação, o Estadão Verifica analisou imagens de satélite do trajeto da BR-320 que liga Cabedelo a João Pessoa no Google Maps e constatou que a via só passa por áreas densamente povoadas, o que contrasta com os amplos espaços verdes abertos da foto nas redes sociais.

Imagem de satélite mostra que BR-320 entre Cabedelo e João Pessoa só passa por áreas densamente povoadas. Foto: Google Maps/Reprodução

As obras federais são constantemente alvo de desinformação. O Estadão Verifica já mostrou que uma foto de uma ciclovia em Roraima era compartilhada fora de contexto como se tivesse sido feita sob a gestão do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.