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Posts enganam ao comparar número de mortes por covid-19, dengue e tuberculose

Publicações no Facebook divulgam estatísticas erradas com o objetivo de minimizar pandemia do novo coronavírus

Por Alessandra Monnerat
Atualização:

Publicações no Facebook enganam ao comparar o número de mortes por covid-19, dengue e tuberculose. O objetivo desses posts é tentar minimizar a pandemia do novo coronavírus e argumentar que outras doenças matam mais pessoas; os números compartilhados na rede social, no entanto, estão descontextualizados ou errados.

 Foto: Estadão

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Os posts afirmam que o País teve "48 mortes por covid-19 essa semana". As primeiras postagens que divulgavam esse dado foram publicadas no Facebook no dia 25 de março -- naquela data, eram 57 registros de óbito pela covid-19 no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Esse número foi atingido após oito dias, já que a primeira morte relacionada ao coronavírus foi contabilizada no dia 17 de março.

Nesta sexta-feira, 10, o número de mortes pela covid-19 no Brasil já é 22 vezes maior do que o mencionado no post do Facebook, chegando à marca de 1.056.

As postagens no Facebook alegam ainda que foram registradas 159 mortes por dengue na semana do dia 25 de março. Mas nem mesmo se levarmos em conta registros do ano inteiro os casos de óbito pela doença chegam a esse número. Segundo boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, do dia 29 de dezembro de 2019 até o dia 28 de março de 2020 haviam sido confirmados 148 óbitos por dengue no País. Como é possível ver na figura abaixo (gráfico C), em nenhuma semana o número de óbitos confirmados (em azul escuro) passou de 30.

 Foto: Estadão

Até o dia 4 de abril, o número de mortes por dengue no Brasil havia evoluído de maneira muito mais lenta do que o número de mortes por covid-19. Eram 181 óbitos por dengue no País, segundo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.

Boletim Epidemiológico Dengue - até 28 de março

Boletim Epidemiológico Dengue - até 4 de abril

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Por fim, as publicações no Facebook apontam que o número de mortes por tuberculose naquela semana havia sido de 110.  O Estadão Verifica não conseguiu encontrar estatísticas ou reportagens que confirmassem esse dado. O boletim epidemiológico mais recente sobre a doença divulgado pelo Ministério da Saúde aponta que, em 2018, foram 4.490 óbitos confirmados por tuberculose -- média de 86 por semana.

Boletim Epidemiológico Tuberculose

No portal Datasus, que divulga os números de morte registrados no Sistema Único de Saúde (SUS), há 300 mortes relacionadas à doença contabilizadas nos meses de janeiro e fevereiro deste ano.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a tuberculose a doença infecciosa mais letal do mundo -- segundo a entidade, 1,5 milhão de pessoas morreram da doença em 2018 em todo o mundo. O número de mortos por dia da covid-19, no entanto, já é maior do que a média diária de mortos por tuberculose, de acordo com a BBC.

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Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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