É antiga notícia sobre navio russo suspeito de espionagem na costa brasileira

Reportagem de 2020 voltou a circular, sem contexto, em meio aos conflitos entre Rússia e Ucrânia

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Por Pedro Prata
Atualização:

É antiga uma reportagem da emissora Band sobre um suposto navio espião russo na costa brasileira. Um vídeo com a reportagem voltou a viralizar em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia. Sem a informação de que a matéria é de 2020, o vídeo engana usuários nas redes sociais.

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A reportagem diz que o navio Yantar sumiu dos radares durante seis dias após ser identificado pela Marinha do Brasil. Quando foi localizado novamente, estava próximo ao litoral do Rio de Janeiro, onde atracou. Sem dizer que trata-se de uma matéria antiga, a postagem leva usuários a pensarem que é atual. Um deles diz que "a Rússia já estava se preparando há muitos anos" e que teria "700 bilhões de dólares guardados", referência à atual reserva de US$ 600 bilhões que o país de Vladimir Putin mantém.

 Foto: Reprodução

A reportagem é da emissora Band e traz a informação de que "Passagem de navio russo alerta Marinha". Ao pesquisar por essas informações, é possível encontrar a reportagem original no canal da emissora. Ela foi exibida em 21 de fevereiro de 2020.

O Estadão também informou sobre o ocorrido. O navio Yantar foi detectado no dia 10 de fevereiro na Zona Econômica Exclusiva do Brasil. Ao ser contatado, sumiu do monitoramento. Como a área está sob controle do País, a Marinha acionou uma equipe para encontrá-lo. Um helicóptero e um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) avistaram o navio em 16 de fevereiro, a cerca de 80 quilômetros da costa do Rio de Janeiro. A Marinha informou ao Estadão que não levantaria suspeitas e que adotou procedimentos previstos em normas internacionais de navegação.

A área chamou atenção por ficar perto dos cabos submarinos de comunicação que ligam o Brasil a outros países. Essa situação já se repetiu em outras partes do mundo. Em 2019, a embarcação desligou o radar ao entrar no mar do Caribe e na costa dos Estados Unidos. Também já foi considerado um navio espião pela Força Aérea do Reino Unido.

O conflito entre Rússia e Ucrânia já foi alvo de muitos conteúdos enganosos. O Estadão Verifica já mostrou que fotos antigas do presidente ucraniano Volodmir Zelenski foram resgatadas para sugerir que ele estaria na linha de frente da guerra. Também não há evidências de que o "fantasma de Kiev" tenha realmente existido.


Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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