É enganoso afirmar que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, foi impedido de proferir uma palestra na Universidade Columbia, em Nova York, por causa de vaias do público. Embora seja fato que o então juiz federal tenha sido alvo de protestos na ocasião, em 2017, Moro prosseguiu com sua fala e fez comentários sobre a Operação Lava Jato e o combate à corrupção no Brasil.
No Facebook, páginas têm compartilhado um clipe de 59 segundos que mostra Moro aguardando para falar enquanto ouve vaias. A legenda alega que ele apenas conseguiu falar "well" (bem, em inglês).
Segundo a reportagem do Estado da época, a manifestação contrária ocorreu no início da palestra. Três manifestantes gritavam que ele "não representa a democracia" e "não deveria estar falando" no evento. A palestra seria iniciada alguns minutos depois.
Outros veículos de imprensa também registraram a confusão no começo da fala de Moro. De acordo com a Agência Brasil, o protesto causou atraso de 12 minutos. O site Poder360, a revista Veja e o portal G1 observaram que as vaias eram dirigidas aos manifestantes, e não ao então juiz federal. A Folha de S. Paulo publicou que Moro foi aplaudido de pé por metade da plateia quando entrou. O jornalista Matheus Leitão divulgou vídeos das vaias e dos aplausos em seu blog.
O jornal americano Washington Post publicou um guia para identificar vídeos manipulados (em inglês). Uma das formas de desinformar é compartilhar um pedaço curto de uma gravação mais longa para criar uma falsa narrativa sobre o que ocorreu. Um vídeo que mostra apenas um ponto de vista também pode ser enganoso, se a gravação mostrar apenas um ângulo da história.
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