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Mulher não entregou a um homem na multidão a faca usada pelo agressor de Bolsonaro

Análise com software dos frames do vídeo não revela nenhuma evidência de boato que circula nas redes sociais

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Por Redação
Atualização:
 

checagem abaixo foi publicada pelo Projeto Comprova. A verificação foi realizada por uma equipe de jornalistas do Poder 360, Folha de S. Paulo e AFP. Outras redações concordaram com a checagem, no processo conhecido como "crosscheck": Correio do Povo, revista piauí, Jornal do Commercio e UOL.

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Projeto Comprova é uma coalizão de 24 veículos de mídia com o objetivo de combater a desinformação durante o período eleitoral. Você pode sugerir checagens por meio do número de WhatsApp (11) 97795-0022.

É enganoso o vídeo que sugere que a faca usada no crime contra o candidato à Presidência do PSL, Jair Bolsonaro, foi passada da mão de uma mulher para a mão de um homem antes de chegar ao autor do crime, Adélio Bispo de Oliveira. O atentado aconteceu na última quinta-feira, 6 de setembro, enquanto Bolsonaro fazia campanha de rua em Juiz de Fora (MG).

O vídeo enganoso verificado pelo Comprova circula por redes sociais e aplicativos de mensagens. Publicado em um canal no YouTube chamado Samuca Fernandes, o vídeo sugere que uma mulher de óculos escuros, que estava na multidão, teria passado a faca para um homem de camiseta branca, que, por sua vez, teria repassado o objeto cortante para Adélio.

No entanto, ao analisar o vídeo é possível ver que a mulher em questão não passa nenhum objeto cortante para o homem de camiseta branca. Na sequência, é possível ver a mão do homem vazia após cruzar com a mulher. O Comprova fez uma análise deste vídeo em editores de imagens como o Watch Frame by Frame

Ao Comprova, a assessoria da Polícia Federal diz que não comenta investigações em andamento. Por ora, a única pessoa presa e investigada pelo crime é Adélio. Nenhum dos supostos nomes que são apontados em redes sociais como participantes do crime foi divulgado pela PF.

Adélio está preso e foi indiciado no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional. Se condenado, o agressor pode ficar preso de 3 a 10 anos. Essa pena pode dobrar quando o ataque resulta em lesão corporal grave.

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Apesar de a PF tratar oficialmente apenas Adélio como culpado, mulheres têm sido acusadas e perseguidas em redes sociais - sem provas - de participarem do atentado ao candidato do PSL. Entre os nomes que circulam na rede estão os de Maria Clara de Paula Ribeiro Tarabal e de Aryane Campos.

Um tweet de Alexandre Frota, candidato a deputado federal pelo mesmo partido de Bolsonaro, diz: "Atenção Brasil estamos atras dessa mulher que junto com os bandidos elaborou e participou do atentado ao Jair .ligue 190" (sic).

Apenas o vídeo publicado no canal de Samuca Fernandes teve mais de 177 mil visualizações no YouTube. Já no Facebook, esse mesmo vídeo teve mais de 2 mil interações (reações, comentários e compartilhamentos), segundo o CrowdTangle, ferramenta usada pelo Comprova para análise de redes sociais.

O site Boatos.org também verificou essa peça de desinformação.

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