Ministério da Defesa desmente boato de que Exército tenha construído 2 mil leitos em 48 horas

Forças Armadas têm, de fato, atuado em montagem de hospitais de campanha, mas postagens em redes sociais exageram números

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Por Projeto Comprova
Atualização:

Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui

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Leia a versão em espanhol

São falsas as publicações no Facebook que afirmam que o Exército brasileiro construiu 2 mil leitos em 48 horas para responder à pandemia do novo coronavírus, em comparação com a China, que teria construído 1.000 leitos em 10 dias. Procurado, o Ministério da Defesa assinalou que esta informação não procede, mas que as Forças Armadas estão atuando na montagem de hospitais de campanha. O Exército também foi procurado pelo Comprova para esclarecer o assunto, mas não respondeu até o fechamento deste texto.

A afirmação verificada neste artigo foi publicada em 29 de março no Facebook e, desde então, foi replicada no próprio Facebook, além do Instagram e Twitter.

 

Falso para o Comprova é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Você pode refazer o caminho da verificação do Comprova usando os links para consultar as fontes originais.

Como verificamos

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Para esta verificação, foram consultadas as páginas na Internet do Exército e do Ministério da Defesa, os sites da Comissão Nacional de Saúde da China e do jornal China Daily e usada a busca reversa de imagens do Google. Também entramos em contato por e-mail e telefone com o Ministério da Defesa e com o Exército.

Atuação do Exército no combate à covid-19

As Forças Armadas brasileiras têm, de fato, atuado no combate à pandemia de coronavírus. De acordo com uma publicação no site do Ministério da Defesa com data de 1º de abril, a chamada "Operação Covid-19" está em seu 10º dia de ação e conta com mais de 22 mil militares.

Contudo, diferentemente do que afirmam as publicações viralizadas, não foi registrada até este momento nenhuma construção de 2.000 leitos em apenas 24 horas.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Em e-mail ao Projeto Comprova, o Ministério da Defesa indicou que "a informação não procede" e que as Forças Armadas estão trabalhando "no apoio para a montagem de hospitais de campanha".

Nos sites do Governo Federal e do próprio Ministério da Defesa, há matérias a respeito da instalação em Boa Vista, Roraima, de uma "área de proteção e cuidados" para atender, em princípio, 80 brasileiros e venezuelanos com suspeita ou confirmação de coronavírus, e cuja ação faz parte da "Operação Acolhida".

Em confirmação por telefone ao Projeto Comprova, o tenente Edwaldo Costa, da assessoria de comunicação do Ministério da Defesa, explicou que, com a participação do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), este local de proteção e cuidados será ampliado para 1.200 leitos hospitalares e 1.000 leitos para pessoas infectadas ou com suspeita de infecção, mas ainda não está em funcionamento, pois estão sendo providenciados.

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Publicações que exaltam o Exército tiram fotos de contexto

Várias postagens no Facebook que elogiam a construção de 2 mil leitos pelo Exército brasileiro utilizam duas fotos fora de contexto.

A primeira imagem mostra a montagem de uma estrutura para atender pacientes com problemas respiratórios no Pavilhão de Eventos São Sebastião Mártir, em Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul. A foto foi publicada no site de notícias local Portal RVA no dia 24 de março de 2020 -- a reportagem informa que ali serão instalados 30 leitos, e não 1,2 mil.

Nesta outra matéria do Portal RVA, é possível ver outras fotos da estrutura de atendimento. Esta reportagem de outro site local informa que os leitos foram emprestados pelo Exército ao município.

A outra foto é do Hospital de Reabilitação Ana Carolina Moura Xavier, em Curitiba. A foto foi tirada no dia 1º de outubro de 2019, data de inauguração de dez novos leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pelo governo do Paraná. O espaço da UTI existia desde 2008, mas estava sem equipamentos.

China construiu 13 mil leitos

De acordo com a Comissão Nacional de Saúde da República Popular da China, 16 centros médicos temporários foram construídos em ginásios e centros de exposição da cidade de Wuhan, epicentro da pandemia na China.

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As informações sobre os hospitais foram divulgadas no China Daily, jornal do Partido Comunista Chinês. Treze mil leitos foram disponibilizados para o tratamento de vítimas da covid-19 que apresentavam sintomas leves nesses locais. Os primeiros três hospitais de campanha, de um total de 16, tinham 4 mil leitos e foram feitos em 29 horas. Segundo agências de notícias internacionais, como a BBC, outro hospital, com mil leitos, foi construído em dez dias.

Ainda segundo as autoridades chinesas, o tempo médio para a construção dos hospitais de campanha foi de um dia. Os centro médicos funcionaram durante o ápice da epidemia, por um período de 35 dias.

Viralização

As publicações tiveram grande repercussão desde que foram postadas pela primeira vez, somando, até este momento, mais de 39,5 mil compartilhamentos no Facebook. Embora em menor escala, postagens com alegações semelhantes foram reproduzidas no Twitter e Instagram.

Versão em espanhol

Texto traduzido pelo LatamChequea, grupo colaborativo que reúne dezenas de fact-checkers da América Latina no combate à desinformação relacionada ao novo coronavírus.

El Ministerio de Defensa desmiente rumor de que el Ejército construyó 2000 camas en 48 h 

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Son falsas las publicaciones en Facebook que afirman que el Ejército brasileño construyó 2000 camas en 48 horas para responder a la pandemia del nuevo coronavirus, en comparación con China, que habría construido 1000 camas en 10 días. Al ser consultado, el Ministerio de Defensa señaló que esa información no procede, pero que las Fuerzas Armadas están montando hospitales de campaña. El Ejército fue consultado también por Comprova, para aclarar esta cuestión, pero hasta el cierre de este texto no había respondido.

La afirmación verificada en este artículo se publicó el 29 de marzo en Facebook y desde ese momento fue replicada en el mismo Facebook, en Instagram y en Twitter.

Para Comprova, el contenido Falso es aquel que haya sido inventado o editado para cambiar su significado original y que es difundido deliberadamente para divulgar una mentira.

Podés conocer el camino de verificación que hizo Comprova usando los links para consultar las fuentes originales.

¿Cómo verificamos?

Para esta verificación, consultamos las páginas de Internet del Ejército y del Ministerio de Defensa, los sitios web de la Comisión Nacional de Salud de China y del diario China Daily y se usó la búsqueda inversa de imágenes de Google. Además, nos comunicamos por e-mail y por teléfono con el Ministerio de Defensa y con el Ejército.

Actuación del Ejército contra la Covid-19

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Las Fuerzas Armadas brasileñas, de hecho, están actuando contra la pandemia de coronavirus. Según una publicación en el sitio web del Ministerio de Defensa, del 1º de abril, la llamada "Operación Covid-19" está en su 10º día de acción y cuenta con más de 22.000 militares.

Sin embargo, a diferencia de lo que afirman las publicaciones que se viralizaron, hasta este momento no se registró ninguna construcción de 2000 camas en solo 24 horas.

En un e-mail al Proyecto Comprova, el Ministerio de Defensa señaló que "la información no procede" y que las Fuerzas Armadas están trabajando "en el apoyo al armado de hospitales de campaña".

En los sitios del Gobierno Federal y del propio Ministerio de Defensa hay información sobre la instalación en Boa Vista, Roraima, de un "área de protección y cuidados" para atender, en principio, a 80 brasileros y venezolanos con sospecha o confirmación de contagio del coronavirus, y cuya acción forma parte de la "Operación Acogida".

En confirmación telefónica al Proyecto Comprova, el teniente Edwaldo Costa, del área de comunicación del Ministerio de Defensa, explicó que, con la participación del Acnur (Alto Comisionado de las Naciones Unidas para los Refugiados), este lugar de protección y cuidados se ampliará a 1200 camas de hospital y 1000 camas para personas infectadas o con sospecha de infección, pero todavía no está en funcionamiento, pues se está disponiendo lo necesario.

Publicaciones que exaltan al Ejército sacan fotos de contexto

Varias posteos en Facebook que elogian la construcción de 2000 camas por parte del Ejército brasileño utilizan dos fotos fuera de contexto.

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La primera imagen muestra el armado de una estructura para atender pacientes con problemas respiratorios en el Pabellón de Eventos São Sebastião Mártir, en Venancio Aires, Río Grande do Sul. La foto fue publicada en el sitio web de noticias local Portal RVA el 24 de marzo de 2020; el artículo informa que allí se instalarán 30 camas y no 1200.

En este otro artículo del Portal RVA, se pueden ver otras fotos de la estructura de atención. Este artículo de otro sitio web local informa que las camas fueron prestadas por el Ejército al municipio.

La otra foto es del Hospital de Rehabilitación Ana Carolina Moura Xavier, en Curitiba. La foto fue sacada el 1º de octubre de 2019, fecha de inauguración de diez nuevas camas de Unidad de Terapia Intensiva (UTI) por parte del gobierno de Paraná. El espacio de la UTI existía desde 2008, pero no tenía equipamientos.

China construyó 13.000 camas

Según la Comisión Nacional de Salud de la República Popular China, se construyeron 16 centros médicos temporarios en gimnasios y centros de exposiciones de la ciudad de Wuhan, epicentro de la pandemia en China.

La información sobre los hospitales fue difundida en el periódico China Daily del Partido Comunista Chino. Se habilitaron 13.000 camas para tratar a las víctimas de Covid-19 que presentaban síntomas leves. Los primeros tres hospitales de campaña, de un total de 16, tenían 4000 camas y se hicieron en 29 horas. Según agencias de noticias internacionales, como la BBC, otro hospital, con 1000 camas, se construyó en diez días.

También según las autoridades chinas, el tiempo promedio para la construcción de los hospitales de campaña fue de un día. Los centros médicos funcionaron en el auge de la epidemia, durante un período de 35 días.

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Viralización

Las publicaciones tuvieron gran repercusión desde que se las posteó por primera vez y fueron compartidas hasta ahora por más de 39.500 personas en Facebook. Si bien en menor escala, posteos con afirmaciones similares fueron reproducidos en Twitter y en Instagram.

 

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