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Postagem tira de contexto fala de Lula sobre atuação de governos anteriores no Nordeste

Em discurso original, petista afirma que seu governo provou que problemas sociais na região foram ocasionados por 'falta de vergonha na cara' de presidentes que vieram antes dele

Por Júlia Cerqueira
Atualização:

É enganosa a publicação no Facebook que sugere que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria atribuído o motivo de problemas sociais no Nordeste a governos anteriores ao de Jair Bolsonaro (PL), incluindo assim, os seus próprios mandatos. A postagem corta o início de uma fala de Lula. No discurso original, o petista afirma que a fome, a falta de água, o desemprego e a evasão escolar na região foram consequência da "falta de vergonha na cara" de governos anteriores ao seu. 

Na postagem, a alegação enganosa é complementada por dizeres sobrepostos ao vídeo: "Lula está fazendo campanha para reeleger Bolsonaro até 2026, falando a verdade. Abandonou o povo e fez obras e ditaduras". O post teve 120 mil visualizações desde 19 de julho.

 

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O trecho compartilhado no Facebook foi extraído de um discurso durante o XV Congresso Constituinte da Autorreforma do PSB, realizado no dia 28 de abril deste ano, em Brasília.

Veja abaixo a fala completa. A frase que aparece na postagem do Facebook está em negrito.

"É possível fazer isso e nós já conseguimos fazer isso, nós já provamos que é possível. Quem é nordestino aqui se lembra dos tempos da famosa frente de trabalho, em que as pessoas mexiam com uma enxada, pedra de um lugar para outro lugar, sem produzir um único benefício a sociedade brasileira. E nós provamos, durante muito tempo, que o Nordeste não era pobre por conta de algo intransponível, que a fome não era um fenômeno natureza, que a falta de água não era um fenômeno da natureza. Nós conseguimos provar que a fome, a falta de água, o desemprego, a evasão escolar no Nordeste era falta de vergonha na cara das pessoas que governavam esse país durante tantos e tantos anos".


Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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