Líder do MST em foto com petistas é falsamente identificado como Adélio Bispo

Boato resgata imagem antiga para acusar partido de ligação com atentado contra Jair Bolsonaro

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Por Pedro Prata
Atualização:

Não é verdade que uma foto resgatada nas redes sociais mostre um encontro de lideranças petistas com Adélio Bispo, autor da facada contra o presidente Jair Bolsonaro. O homem que aparece de braços dados com Gleisi Hoffmann e Luiz Inácio Lula da Silva é João Paulo Rodrigues, líder do Movimento de Trabalhadores Sem Terra (MST).

Uma publicação com legenda falsa foi compartilhada ao menos 2 mil vezes no Facebook. "Sabem quem é o rapaz de boné? Pois é... Ele mesmo! 'Da faca'", diz a postagem falsa.

Homem de boné é João Paulo Rodrigues, líder do MST, não Adélio Bispo. Foto: Reprodução

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A foto original é de abril de 2018. Rodrigues, de boné vermelho, aparece na imagem de braços dados com a então senadora Gleisi Hoffmann (RS) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na foto estão ainda a ex-presidente Dilma Rousseff, Guilherme Boulos, candidato em 2018 à presidência pelo PSOL, e Luiz Marinho, candidato naquele ano ao governo de São Paulo pelo PT.

Para identificar a origem da fotografia utilizada, o Estadão Verifica utilizou o mecanismo de busca reversa de imagens Google. Ele permite identificar outras vezes em que a foto foi utilizada anteriormente.

Assim, foi possível localizar a foto em matéria publicada no portal G1. A reportagem "Lula passa a madrugada no sindicato dos metalúrgicos do ABC após ordem de prisão" foi publicada em 6 de abril de 2018. Naquele dia, o ex-presidente Lula ficou sabendo da ordem de prisão expedida após a condenação na 2ª instância pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. Ele foi até o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, se reunir com lideranças políticas e correligionários.

Lula se entregou à Polícia Federal no dia seguinte, após passar a noite na sede do sindicato.

Lula com aliados no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Foto: G1/Reprodução

Não é a primeira vez que a figura de Adélio Bispo é usada em peças de desinformação. O Estadão Verifica já checou postagens que afirmavam que ele teria sigilo telefônico protegido pela OAB e que ela mantinha ligações com o ex-deputado federal Jean Wyllys.

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Este conteúdo também foi checado por Boatos.org e Agência Lupa.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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