Circula fora de contexto nas redes sociais a foto de um caminhão pegando fogo em um posto de combustíveis. Postagens no Facebook com referências a diferentes Estados -- o Estadão Verifica encontrou alegações de que a ocorrência seria em Mossoró (RN), Ceará e Santa Catarina -- alegam que uma facção criminosa teria começado a atacar postos por conta do alto preço dos combustíveis. Na verdade, a foto mostra um incêndio em Imperatriz (MA), em 2013.
Para identificar a origem da imagem, o Estadão Verifica utilizou o mecanismo de busca reversa do Google. A ferramenta permite ver onde a imagem foi publicada anteriormente. Veja aqui como fazer você mesmo a busca reversa.
A primeira vez em que a foto foi publicada foi no portal Folha do Bico, de Tocantins. O site afirma que a imagem é de um incêndio em um posto de combustível em Imperatriz (MA), em 2013. O fogo teria começado quando um caminhão tanque abastecia o posto, segundo testemunhas da cena. Os bombeiros não informaram a causa do incêndio até a publicação do texto. O portal G1 também noticiou o incêndio, com uma foto diferente.
A alta dos combustíveis afeta de modo generalizado a inflação e é tema de desinformação nas redes sociais. A notícia de que criminosos estariam ameaçando donos de postos passou a circular nas redes sociais inicialmente no Amazonas, mas depois se espalhou para o Rio Grande do Norte e outros Estados.
O portal Em Tempo, de Manaus, informou que o sindicato do comércio varejista de derivados do petróleo local disse que "tudo indica se tratar de fake news" e que a Polícia estaria investigando. A Secretaria de Segurança Pública não se manifestou.
Já o jornal Tribuna do Norte, do Rio Grande do Norte, procurou a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social. Em nota, a pasta informou que verifica a veracidade das postagens e que não há confirmação de que teriam realmente sido enviadas por uma facção criminosa.
O Estadão Verifica entrou em contato com as duas secretarias para confirmar as informações, mas não houve resposta.
Não é a primeira vez que a imagem é utilizada fora de contexto. Em 2018, o jornal O Povo desmentiu que a foto mostrasse um protesto de caminhoneiros contra o retorno do estoque e venda de combustíveis em Jaguaribara (CE).
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.