Desde que cientistas alertaram para a presença de vespas gigantes asiáticas nos Estados Unidos, publicações nas redes sociais passaram a alardear ataques inexistentes. Até agora, apenas ocorreram dois registros dos insetos nos EUA, e nenhum ataque contra humanos. Muitas das imagens que circulam online são de uma onda de ataques que ocorreu em 2013 na China. Um desses posts enganosos obteve mais de 8 mil compartilhamentos no Facebook misturando diferentes registros antigos desses insetos.
A primeira foto da postagem, que mostra vários ferimentos de picada na cabeça de um homem deitado, é da mesma época da onda de ataques de vespas gigantes na China, em 2013. A imagem foi usada em matéria do site Correo, do Peru, e em portais russos.
Outra foto, que mostra picadas profundas no braço de um homem, é uma das imagens utilizadas em reportagem da TV Brasil de 2013. O Estadão Verifica já mostrou que este vídeo tem circulado fora de contexto nas redes sociais, com legendas que não deixam claro que o ataque é antigo.
Uma segunda imagem de ferimentos em um braço também é de 2013, novamente da onda de ataques na China. A foto foi publicada, por exemplo, neste artigo da revista The Atlantic de 2013.
O vídeo em que um rato é atacado por uma vespa é antigo, de julho de 2018. Na postagem original no YouTube, o inseto não é identificado como uma vespa gigante asiática (Asian giant hornet, em inglês), e sim como uma vespa comum (wasp).
Finalmente, a publicação no Facebook inclui ainda um trecho do programa Bom Dia Brasil exibido em 3 de outubro de 2013. A reportagem também mostra os ataques contra chineses naquele ano.
Esse mesmo post divulga ainda um vídeo em que pessoas estão correndo em um estacionamento, parecendo fugir de insetos. O Estadão Verifica não conseguiu confirmar a origem dessa gravação, mas ela foi publicada em perfis de redes sociais que a relacionavam a um ataque de abelhas nos Estados Unidos.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.