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Imagens de 2013 de ataques de vespas gigantes circulam fora de contexto nas redes

Inseto venenoso foi visto recentemente nos Estados Unidos, mas ainda não houve nenhum ataque contra humanos

Por Alessandra Monnerat
Atualização:

Desde que cientistas alertaram para a presença de vespas gigantes asiáticas nos Estados Unidos, publicações nas redes sociais passaram a alardear ataques inexistentes. Até agora, apenas ocorreram dois registros dos insetos nos EUA, e nenhum ataque contra humanos. Muitas das imagens que circulam online são de uma onda de ataques que ocorreu em 2013 na China. Um desses posts enganosos obteve mais de 8 mil compartilhamentos no Facebook misturando diferentes registros antigos desses insetos.

A primeira foto da postagem, que mostra vários ferimentos de picada na cabeça de um homem deitado, é da mesma época da onda de ataques de vespas gigantes na China, em 2013. A imagem foi usada em matéria do site Correo, do Peru, e em portais russos.

Reprodução/Facebook Foto: Estadão

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Outra foto, que mostra picadas profundas no braço de um homem, é uma das imagens utilizadas em reportagem da TV Brasil de 2013. O Estadão Verifica já mostrou que este vídeo tem circulado fora de contexto nas redes sociais, com legendas que não deixam claro que o ataque é antigo.

Uma segunda imagem de ferimentos em um braço também é de 2013, novamente da onda de ataques na China. A foto foi publicada, por exemplo, neste artigo da revista The Atlantic de 2013.

O vídeo em que um rato é atacado por uma vespa é antigo, de julho de 2018. Na postagem original no YouTube, o inseto não é identificado como uma vespa gigante asiática (Asian giant hornet, em inglês), e sim como uma vespa comum (wasp).

Finalmente, a publicação no Facebook inclui ainda um trecho do programa Bom Dia Brasil exibido em 3 de outubro de 2013. A reportagem também mostra os ataques contra chineses naquele ano.

Esse mesmo post divulga ainda um vídeo em que pessoas estão correndo em um estacionamento, parecendo fugir de insetos. O Estadão Verifica não conseguiu confirmar a origem dessa gravação, mas ela foi publicada em perfis de redes sociais que a relacionavam a um ataque de abelhas nos Estados Unidos.

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Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

 

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