Victor Pinheiro, especial para o Estadão
30 de novembro de 2020 | 16h59
Uma imagem de 2018, de um incêndio próximo a uma unidade do Carrefour na Argentina, tem sido compartilhada fora de contexto no Facebook, com texto relacionado aos protestos contra a morte de João Alberto Silveira Freitas. O cidadão negro de 40 anos foi assassinado por seguranças em um estacionamento de um supermercado da franquia em Porto Alegre, no Rio de Grande do Sul.
A morte de Beto desencadeou protestos em várias capitais, como Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Fortaleza e São Paulo. Na capital paulista, manifestantes entraram em uma loja do Carrefour e causaram um princípio de incêndio, que foi controlado pelos funcionários da empresa.
O post ironiza a expressão “Que absurdo tacarem fogo no Carrefour” e apresenta a foto de um incêndio em uma unidade do supermercado. Embora satírica, a publicação tem potencial de desinformar, visto que a foto e o contexto do post não correspondem. A mesma foto aparece em notícia do jornal argentino La Nación, publicada em novembro de 2018.
De acordo com o artigo, o incêndio de grandes proporções ocorreu em um estabelecimento comercial acima de uma unidade do Carrefour localizada na cidade de Tigre, ao norte de Buenos Aires. As chamas chegaram a alcançar 10 metros e mais bombeiros levaram mais de uma hora para controlar o fogo. Não houve vítimas.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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