Uma postagem do senador Humberto Costa (PT-PE) nas redes sociais confunde ao apresentar a etiqueta de uma verificação do Projeto Comprova, publicada pelo Estadão Verifica, ao lado de uma imagem do presidente Jair Bolsonaro. A reportagem desmente um boato falso que inventa dados sobre efeitos colaterais da vacina de covid da Pfizer em crianças, mas em nenhum momento menciona Bolsonaro.
O conteúdo publicado pelo senador pode levar à conclusão equivocada de que o presidente tem relação direta com a origem ou disseminação do material enganoso checado pelo Comprova. Embora Bolsonaro já tenha feito declarações falsas questionando a segurança de vacinas de covid (1, 2, 3), a reportagem analisa um texto divulgado em um site antivacina que não tem ligações explícitas com o chefe do Poder Executivo.
O Estadão Verifica não identificou o compartilhamento do material nos perfis de Jair Bolsonaro nas redes sociais. A legenda da postagem não cita diretamente o presidente e afirma que, em meio à vacinação, "ainda tem bolsonarista jogando contra o mundo e a favor do vírus".
Questionada se o conteúdo não poderia confundir usuários, a assessoria do senador Humberto Costa negou que a postagem apresente qualquer associação distorcida ou falsa. Segundo mensagem enviada ao Estadão por WhatsApp, o conteúdo traz a foto do presidente "porque esse novo ataque às vacinas tem sido distribuído por bolsonaristas".
"Em que pese o presidente da República não ser o responsável direto por essa nova mentira sobre vacinas (e isso não está dito na postagem), ele é o responsável por uma série de ataques mentirosos aos imunizantes, disseminados por seus apoiadores por meio de mídias sociais, assim como essa publicação que foi alvo da postagem", disse a assessoria do senador.
O site alvo da verificação do Comprova reúne uma série de postagens desinformativas e conspiratórias sobre vacinas e covid-19. Um levantamento da associação sem fins lucrativos Avaaz, publicado em novembro de 2019, listou o site entre os principais propagadores de boatos antivacina no ecossistema digital no Brasil.
Em um canal do Telegram divulgado no site também há publicações de apoio ao presidente Jair Bolsonaro e aliados, com conteúdos contra medidas sanitárias, críticas a governadores opositores do presidente e ao Supremo Tribunal Federal (STF).